terça-feira, 11 de novembro de 2025

As Pequenas Coisas do Amor...

 


            O amor, dizem, é feito de grandes gestos, jantares à luz de velas, declarações apaixonadas em despedidas em aeroportos, serenatas sob a janela hoje em dia se tornou raridade ou melhor acho que nem existe mais a não ser em Conservatória cidade das serenatas no estado do Rio de Janeiro. Mas quem vive o amor sabe que ele mora mesmo é nas banalidades diárias. 

      No “trouxe seu chocolate preferido”, no “já lavei a louça”, no “coloquei seu casaco na mochila porque vai esfriar amanhã”.

      Essas pequenas coisas, tão miúdas que mal fazem barulho, são o que sustentam os grandes sentimentos. O amor não se alimenta só de versos de amor e de bons momentos, mas de rotina, e é aí que mora o perigo, quando o costume vira descuido, quando o “bom dia, sem um beijinho” vira silêncio, quando o “eu te amo” vira duvidas implicância.

      A gente se acostuma um com o outro como quem se acostuma com o sofá da sala, está sempre ali, até meio gasto, mas ainda confortável. E nessa zona de conforto, o amor vai se tornando invisível. Não porque deixou de existir, mas porque deixou de ser notado principalmente quando o outro fica com a cara na porra do celular.

     O amor é feito de banalidades. De “por que você colocou cebola no molho se sabe que eu odeio cebola? ”. É uma eterna negociação entre gostos, manias e a temperatura do ar-condicionado, e deixar de ver a novela porque tem futebol no mesmo horário em outro canal.

     O problema das banalidades é que elas são discretas. Não fazem alarde, não exigem atenção. Mas quando somem, fazem falta. É só quando o café da manhã não está pronto, quando o “boa noite” não vem, com aquele beijo de língua intenso, e aquela encochadinha pra sentir o calor do outro, é que a gente percebe que o amor também pode morrer de sede, mesmo cercado de água.

     Talvez amar seja isso, rir das falhas, colecionar esquisitices e transformar o cotidiano em algo extraordinário. Mesmo que às vezes o extraordinário seja só beber no mesmo copo a ultima cerveja gelada. 

     Pode ter certeza o amor não se mede pelo fogo do tesão, mas pelo fósforo acendendo uma vela perfumada, numa noite qualquer para dar um clima e acalentar a noite de pegação antes que o sonho nos toma por completo.

    Por Alfredo Guilherme




6 comentários:

Anônimo disse...

Achei fantastica a mesasgem da imagem do fósforo acendendo uma vela perfumada numa noite qualquer é simplesmente linda. Ela mostra que o amor não precisa de espetáculo, só de presença, cuidado e intenção. E que até uma “noite de pegação” pode ser acalentada por um gesto simples e cheio de afeto.

Anônimo disse...

Esse texto é um lembrete poderoso de que amar é estar atento, é cuidar, é transformar o ordinário em extraordinário. E talvez, como vc diz meu caro amigo Alfredo, seja mesmo isso, rir das falhas, colecionar esquisitices e beber junto a última cerveja gelada.

Anônimo disse...

Como leitor, seu texto me tocou profundamente. Ele traduz com sensibilidade algo que muitos de nós sentimos, mas nem sempre conseguimos colocar em palavras: que o amor verdadeiro não vive nos grandes gestos cinematográficos, mas sim nas pequenas ações do dia a dia.

Anônimo disse...

Crítica sutil à desconexão moderna a menção ao celular como barreira silenciosa entre os parceiros é um alerta delicado, mas necessário.

Anônimo disse...

Valeu cara adorei mais seu texto

Anônimo disse...

Que pena se eu tivesse lido os textos do seu blog a 20 anos atraz não tinha feito tanta merda na minha vida enfim o que passou passou infelismente e não volta mais, parabens pelos textos