terça-feira, 24 de junho de 2025

Crônica : Amar é quando os neurônios perdem a compostura…


      Ninguém avisa, mas quando a gente ama... O cérebro enlouquece antes do coração.
     O amor não começa no coração.
     Mais especificamente, num colapso coletivo dos seus neurônios, que antes funcionavam lindamente… até você topar com um olhar tão aguardando na hora certa.

     Aí pronto… A lógica sai de fininho, o juízo entra em coma, e a química cerebral começa a fazer festa como bebida adulterada na balada noturna.

     Dopamina, serotonina, oxitocina.
     Esse trio arma um motim.
     Te deixa bobo, carente, faminto e, pior de tudo… “esperançoso”.

     Você acha que está vivendo um romance como os de seus sonhos.
     Mas, na real, é só o seu córtex pré-frontal em pane, desligando o botão do "cuidado" e ligando o da "fantasia irracional".

     A amígdala, coitada, que deveria gritar “perigo!”, aplaude o caos.
     Ela assiste você romantizar migalha, inventar futuro com base em emoji, e ainda bate palma.

     E a culpa é de quem? Dos seus neurônios.
     Que acham que estão num festival de serotonina e não perceberam que o outro já foi embora mentalmente faz tempo.

      O amor é esse estado de exceção biológica.
      É a única loucura socialmente aplaudida.
      Você perde o apetite, o sono, o critério.
      Vira um "perseguidor" elegante, um poeta por acidente. 
      Um viciado esperando a próxima notificação como quem espera milagre.

      Pior... você sabe que está exagerando.
      Mas não quer voltar ao normal.
      O normal é frio. O normal é lúcido.
      E ninguém quer lucidez quando está amando.

      Amar, no fundo, é pedir para sofrer com estilo.
      É vestir a camisa do time que nunca vence, mas acreditar até o apito final.

      E quando termina?
      Os neurônios demoram semanas pra desinflamar.
      
Você passa dias revendo mensagens, interpretando silêncios, como se fosse possível reescrever a história com análise de comportamento online.

      É patético… É poético… É profundamente humano.

     No fim das contas, amar é um colapso neuroquímico com final incerto.
     Mas mesmo sabendo disso, a gente mergulha.
      De novo e de novo.
      Porque, entre a sanidade entediante e a loucura apaixonada, o coração e o cérebro sempre escolhem se perder um pouco.

      Amar é um tipo de loucura sagrada.
      É o cérebro dizendo... "Sim, eu sei que isso não faz o menor sentido… mas me deixa sonhar um pouco".

     Vai entender né…


      Por Alfredo Guilherme


 … Para quem já amou tanto que confundiu poesia com neurociência. E não se arrependeu.

   O que sobra da gente quando o amor sai da cabeça?

   O amor, quando vai embora, não avisa.
   Ele desocupa o cérebro devagar, como quem desliga as luzes de um palco depois de uma peça.
   Fica a sensação de que ainda há algo acontecendo… mas é só eco.

   Os neurônios, antes em festa, agora fazem faxina.
Jogam fora os roteiros inventados, apagam as notificações que nunca vieram, e com um pouco de vergonha  tentam retomar a programação normal.

   Mas o normal já não é o mesmo.
   Porque amar, mesmo que tenha sido um erro, deixa marcas como uma febre boa que bagunçou o calendário interno.
   E o que sobra da gente quando o amor sai da cabeça… é quase uma outra pessoa.

   Mais cética, talvez.
   Mais ciente de que o desejo inventa, sim mas o corpo acredita.
   Mais atenta aos sinais, mas ainda assim… disponível para o próximo tropeço.

   O que sobra da gente é um rascunho com cheiro de recomeço.
   Um cérebro que aprendeu que a paixão é desordem, mas também é vida.

   E por mais que doa o fim, a gente agradece.
   Porque, no fundo, viver com os neurônios totalmente sob controle é seguro… mas completamente sem graça.

   Dedicado ao caos químico que me derrubou com um emoji"…


2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns é exatamente assim quando termina com um emoji! 😞

Anônimo disse...

👏👏👏👏👏👍 muito bom 😊😊😊😊