terça-feira, 2 de setembro de 2014

Contos Dakiedalí... Destino caprichoso...


                                  Destino caprichoso...

Destino sonhado... Uma mulher sem desvios de personalidade, bonita cheirosa, zelosa, namorada apaixonada, não tipo Amélia, mas quase... Destino traçado...





Bitiba... Rezou o evangelho segundo São Macho e... Casou com uma passista de sua escola de samba do coração...

Bitiba levou pra casa um pacote completo de mutreta... Marizinha, corpo negro bronze sinuoso aveludado curvas simples contendo protuberâncias que causavam paralisia ocular em quem olhava adotou o pequeno nome de Isa.... No corpo e na alma ela era assim...

Ninguém podia imaginar que tal raridade era produto original dos morros carioca, mais precisamente do Morro da Providência...

Na quadra chegava tremulando as duas bandas das nádegas o que endoidava geral a galera da escola de samba querida, caraca era muito ziriguidum, balacubaco, oba oba e o... Caralho a quadro.

Bitiba... Hoje rosto tenso, narinas largas, testa ampla, cabelo grisalho encaracolado quase um metro e noventa e cinco de altura, podendo lê-se no seu rosto em letras invisíveis ‘‘Negro e lindo”.

  Ex jogador de futebol com o joelho bichado todo ferrado, mas garanto se não tivesse acontecido isto com ele certamente teria levantado muitos canecos de campeão pelo Mengão.

Hoje sentado preguiçosamente na Birosca da Dona Vitinha, na ladeira do Pé Sujo, na saída do morro do Salgueiro, acompanhado com outro crioulo das antigas lá do morro, Juca do Pandeiro, um cara  forte também, apesar da idade, cara larga de bigode cabelo esticado todo estiloso, os dois já estavam numa bebaçã que fazia gosto, em baixo da mesa já tinha pelo menos umas dez garrafas de cerveja vazias.

Não quis chegar chegando e me sentei logo atrás deles pedi uma gelada, e pude escutar a conversa e como o eterno inconformado Bitiba, ainda falava da sua ex, a inesquecível Isa...

- Agora você vê... Juca, eu sempre levei a minha vida na decisão aturando piadinhas por causa daquela sem vergonha... Que acabou me traindo com aquele branco arroz de terceira, lá da lapa filho bastardo de bicheiro, eu pelo menos você sabe, na época eu estava tinindo, brilhava no gramado do Maracanã...

- Confesso que fiquei puto dentro das calças, tive vontade de dar uns e outros pipoco de três oitão nos dois, em nome da moral e dos bons costumes, e acabar com a vocação de puta da Isa.

Eu sei que o Bitiba engoliu frouxo na época! Mas, foi bom pra ele, e pelo jeito ainda não consegue apagar a magoa deste episodio de sua memória...

Na época em que ele viveu este amor “Escrito nas estrelas” Isa na intensidade do samba, em total clima de sensualidade tremia uma banda da bunda sem tremer a outra e vice-versa; no remelexo das cadeiras, depois, diminuindo a intensidade do rebolado, levava a mão direita até o umbigo e a esquerda, eleva ao alto, como dando graças por tanta beleza.
        Depois arremessava o tronco para frente e para trás, num movimento de gangorra, simulava um tropeço, dando a impressão de uma queda iminente, então parava o corpo, apresentando o miudinho, e vou dizer pasmem, lançava a perna a meia altura, dando uma pernada no ar...

 Caraca até o carnavalesco da escola, que não gostava da fruta, se esbaldava em elogios com este passo da linda negra Isa...

Depois de uma noite destas Bitiba e Isa, só queriam saber de cama, se enrabichando o dia todo... Que dupla meu Deus... Mas em pouco tempo, a relação perigosa da Isa fora do casamento, fez acordar no casal um completo enlevo de brutalidade das mais absurdas.

Passou a ser um amor de... Me rasga, de ti arrebento toda, sua filha da puta, seu viado, seu isto e sua aquilo...

Um verdadeiro confronto de duas vaidades, de dominador e dominadora, que ao final das brigas tudo acabava em boas trepadas.

Após meses de confrontos e muita bordoada, ainda se achando triunfantes, se separaram de vez, Isa se pirulitou, indo para exterior dançar em casas noturnas...

 Já o Bitiba sonhando com os holofotes do show business, gravou um disco de samba acompanhado pela velha guarda da escola que no final nem nas rádios tocou, tentou como todo bom malandro se eleger pela comunidade vereador, na primeira não deu, mas agora, este ano esta tentando de novo se eleger.

Aos poucos tenta ser, brasileiro em verde, azul e branco, com autorização escrita de próprio  punho pelo traficante Jordão Fumasse que tem o comando do tráfico no morro, ele pode tranquilamente circular com sua voz belíssima,  pelos becos da comunidade, dizendo...

Vou lutar por vocês, e por está comunidade no meu mandato de vereador...


 Nesta eleição 143 e trezentos não sei o que ... Bitiba para Vereador... 

Por Alfredo Guilherme