sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Manifesto... Entre Lençóis....

 


        Eu não sou estatística.  
      Não sou estereótipo. 
      Sou voz que rasga o silêncio. 
      Sou corpo que exige respeito.

     Entre lençóis, não há pudor. Há pele. Há suor. Há desejo. Mas cuidado, o desejo também carrega história. Carrega séculos de estereótipos, de fantasias coloniais, de olhares que reduziram corpos a rótulos simplesmente.

     E aí, o elogio virava ferida. A carícia virava lembrança de opressão. O prazer se contaminava com preconceito, hoje vivemos outra realidade.

     Mas amar é revolução. Amar é desaprender…  Desaprender frases herdadas, desaprender o costume de transformar o amor apenas em experiência privada, desaprender o vício de hierarquizar corpos. sendo que ele pode constituir-se como prática de resistência e emancipação.

     Amar é escutar… É perguntar... O que te fere?...  É responder... Meu prazer não é poder, é respeito.

     Liberdade se existir correntes… Liberdade é quebrá-las. Intimidade não é exotizar. Intimidade é reconhecer o outro por inteiro.

     Entre, lençóis e corpos, ardentes descobrimos que o verdadeiro gozo não nasce da hierarquia, mas da leveza de se ver humano, sem pudor, sem muros, sem grades, sem máscaras.

     E assim, no silêncio da noite. 
     O amor se fez poesia. 
     Um pacto de desaprender.
     É um convite a reinventar o desejo. 
     Vivendo a beleza de ser livre.
     Quebrando correntes invisíveis do prazer.
       Isso é raro. É bonito. É necessário.


      Por Alfredo  Guilherme 


segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Crônica: Dispensa de Cor... BRASIL E SEU ARQUIVO DA HUMILIAÇÃO...



     Há documentos no Brasil que cortam mais fundo que qualquer espada. Não porque descrevem violência explícita, mas porque oficializam aquilo que nunca deveria ter sido escrito. A desumanização como política de Estado.

     Entre eles, repousa silenciosa e vergonhosa a prática imperial da “Dispensa da cor”. Um recurso jurídico que, ironicamente, dizia mais sobre a nação do que sobre o requerente.

     No século XIX, em pleno Império, pessoas pretas, livres escreviam cartas pedindo autorização para que a própria cor não fosse usada contra elas.
    Era uma súplica institucionalizada. Um ritual de humilhação administrativa. Um ato que dizia, com caligrafia elegante...

    “Rogo a Vossa Majestade que me dispense da nota de cor, para que eu possa exercer o cargo.”

    É difícil não ler isso como um epitáfio civil. Porque ali, entre carimbos e tinta desbotada, está a prova de que a modernidade brasileira se ergueu com uma lógica brutal… 'A cidadania tinha pigmento'.
    E quem não correspondia ao tom ideal precisava pedir dispensa para existir, para trabalhar, para servir ao Estado que o negava.

    A violência desse mecanismo não está apenas na desigualdade que produz, mas na pedagogia que instaura a cor como falha, o corpo preto como erro, a dignidade como concessão.

    E o mais perverso é que tudo isso era feito sem gritos, sem algemas, sem espetáculo. A brutalidade brasileira sempre gostava e ainda gosta, de ser discreta.

    Mas o que essa história revela não é apenas o passado. É o método. É a estrutura mental que permanece.

    Porque, hoje, a dispensa da cor pode não ser escrita, mas ecoa nos currículos descartados, nos corpos suspeitos por padrão, nos espaços onde a branquitude se imagina neutra e universal.

    A academia chama isso de racismo estrutural. Eu chamo de "Memória Persistente do Açoite". Um país que não se livra dos fantasmas porque continua se alimentando deles.

    E, ainda assim, esse eco exige ser enfrentado. Não como culpa, a culpa paralisa, mas como responsabilidade histórica.
    Como compromisso ético com a verdade, O Brasil não foi cordial. Foi hierárquico. Foi seletivo. E fez da cor uma fronteira interna.

    Escrever sobre isso não é remoer o passado.
É recusá-lo. É rasgar o decreto simbólico que dizia que alguém precisava pedir permissão para ser gente. É reescrever o que deveria ter sido óbvio desde sempre.

      Porque nenhum país se torna justo enquanto sua história permanece intacta intocada, esterilizada, confortável.

     A justiça exige fissura. Exige incômodo. Exige olhar para "o arquivo da humilhação" sem desviar os olhos.

     Lembrar disso não é abrir ferida, é impedir que ela cicatrize torta.
     É reconhecer que, sim, já existiu um Brasil, onde era preciso pedir permissão para ser.
     E que ainda estamos tentando construir, c
om ajuda do nosso atual, Governo, Democrático e Justo um Brasil onde ninguém precise pedir mais nada além de respeito.


     Por Alfredo Guilherme




domingo, 23 de novembro de 2025

Crônica : O Espelho e o Filtro…



          O homem inventou o espelho.... Para quê? Simples assim… Deixar você se espelhar e se ver na sua realidade.

     mulher, esse ser divino e encantador, sempre em busca da beleza eterna... Séculos depois, olhou pra o espelho e pensou… Espelho, espelho meu...  você é muito realista? Sem dúvida você até que é muito legal. Mas eu quero melhorar o que a natureza me negou ? pegou a visão ?… E, já que está disponível... bombando na era digital, porque não usar... para mudar a realidade atual do rosto nas fotos, mesmo sabendo que é tipo "me engana que eu gosto", mas é bom não ligar, e nem estar ai, o que importa é o bem estar geral.

     Estamos falando do “filtro” Que recebeu muitos obrigado meu Deus !!!!… Não o de café o outro, o que transforma o caos em claridade e juventude facial... O filtro é a vingança estética contra o espelho cruel.
     Porque o espelho mostra o que é, na real, mas o filtro mostra como gostaríamos de ser... pois, tudo seria bem melhor, se o tempo, fosse um pouquinho mais gentil não danificado tanto o nosso rosto.

     Pensando bem, o espelho foi inventado... Tipo… “Tá aí teu rosto e teu corpo... Feio ou bonito ele é todo seu".
     Já o filtro foi a melhor invenção emocional, para os tempos de exposição virtual em Facebook, Instagram ou em sites de relacionamento, quando você continua se enganando até o choque com a  realidade. E 
no encontro pessoal, com o crush ele pode perguntar...  ‘Cadê aquela pele de porcelana?’

     O filtro... Ele artisticamente, é empático...  Fica te dizendo o tempo todo... Tá aí teu rosto com mais juventude e beleza, com um pouquinho de amor próprio a mais. 

     E quem nunca acordou num dia horrível, olhou no espelho e pensou… Caramba... Meu Deus, que cara amassada é essa… Estou parecendo um maracujá de gaveta ?... Ou estou no nível uva passa de armário ?.

     Aí você abre o celular, põe um filtro, e puff!…um renascimento digital é aceito… É tipo uma bênção em alta resolução.

     No fundo, o filtro é uma poesia visual… Um... “Eu me amo” disfarçado de correção facial. Uma tentativa doce de se ver com os olhos de quem ainda acredita na juventude eterna.

     E eu não julgo. Porque, sinceramente, todos nós precisamos de um filtro não na foto, mas na vida.... Um filtro que suavize os traumas, e deixa o amor sempre no modo feliz.

     Aliás, se o amor tivesse filtro… A gente se deixava se embelezar mais, e errava com menos nitidez.

      Resumo do texto sei que ele é sincerão demais... E sinceramente? Viva o filtro! Porque se a cara tá amassada, o filtro desamassa. Se o humor tá ruim, o filtro melhora. Se a autoestima tá no chão, o filtro levanta. É tipo um balsamo, só que pra alma e pra pele.

    

     Por Alfredo Guilherme 




terça-feira, 11 de novembro de 2025

As Pequenas Coisas do Amor...

 


            O amor, dizem, é feito de grandes gestos, jantares à luz de velas, declarações apaixonadas em despedidas em aeroportos, serenatas sob a janela hoje em dia se tornou raridade ou melhor acho que nem existe mais a não ser em Conservatória cidade das serenatas no estado do Rio de Janeiro. Mas quem vive o amor sabe que ele mora mesmo é nas banalidades diárias. 

      No “trouxe seu chocolate preferido”, no “já lavei a louça”, no “coloquei seu casaco na mochila porque vai esfriar amanhã”.

      Essas pequenas coisas, tão miúdas que mal fazem barulho, são o que sustentam os grandes sentimentos. O amor não se alimenta só de versos de amor e de bons momentos, mas de rotina, e é aí que mora o perigo, quando o costume vira descuido, quando o “bom dia, sem um beijinho” vira silêncio, quando o “eu te amo” vira duvidas implicância.

      A gente se acostuma um com o outro como quem se acostuma com o sofá da sala, está sempre ali, até meio gasto, mas ainda confortável. E nessa zona de conforto, o amor vai se tornando invisível. Não porque deixou de existir, mas porque deixou de ser notado principalmente quando o outro fica com a cara na porra do celular.

     O amor é feito de banalidades. De “por que você colocou cebola no molho se sabe que eu odeio cebola? ”. É uma eterna negociação entre gostos, manias e a temperatura do ar-condicionado, e deixar de ver a novela porque tem futebol no mesmo horário em outro canal.

     O problema das banalidades é que elas são discretas. Não fazem alarde, não exigem atenção. Mas quando somem, fazem falta. É só quando o café da manhã não está pronto, quando o “boa noite” não vem, com aquele beijo de língua intenso, e aquela encochadinha pra sentir o calor do outro, é que a gente percebe que o amor também pode morrer de sede, mesmo cercado de água.

     Talvez amar seja isso, rir das falhas, colecionar esquisitices e transformar o cotidiano em algo extraordinário. Mesmo que às vezes o extraordinário seja só beber no mesmo copo a ultima cerveja gelada. 

     Pode ter certeza o amor não se mede pelo fogo do tesão, mas pelo fósforo acendendo uma vela perfumada, numa noite qualquer para dar um clima e acalentar a noite de pegação antes que o sonho nos toma por completo.

    Por Alfredo Guilherme




sexta-feira, 31 de outubro de 2025

A Crônica : Maré Alta das Rugas do Tempo…

 


​      Que merda… Deixamos o tempo passar… E o passado me traz lembranças… Infelizmente não somos mais, os inocentes de Copacabana. Aqueles que trocavam sorrisos tímidos e dividiam um Biscoito Globo na areia, e matavam a sede com chá mate e limão, e tínhamos a certeza de que a vida caberia inteira entre um mergulho e outro. O tempo, ah, o tempo... esse implacável cronista, passou como um vento de ressaca.

     ​Lembro-me daquela manhã eterna, quando o sol nascia dourando o mar e a gente acreditava que a inocência era um beijo ou abraço forte, à prova de qualquer adeus. 

     Depois, veio o cair da noite a vida adulta, as escolhas, as distâncias que se impõem sem que a gente perceba. Anoiteceu para nós de um jeito silencioso, sem alarde, como o sumiço gradual das estrelas quando a poluição luminosa da cidade avança.

​     E então, para minha surpresa, o sol retornou… Amanheceu, mas não com o mesmo sol da juventude, e sim um sol mais maduro, mais tímido, que ilumina as linhas de expressão no espelho e as saudades no coração.

     ​Eu olho para a orla, que ainda tem a mesma curva, mas que hoje me parece imensa, vazia de um certo sorriso.

      E a pergunta, a única pergunta que realmente importa, ecoa em cada onda que quebra na saudades… "Me diz por onde você anda?"

​     Éramos felizes. Não uma felicidade turbulenta, de fogos de artifício, mas aquela suave, de brisa constante, de saber que você estava ali, lendo um livro na nossa varanda imaginária. Eu era feliz de ter você como meu ponto fixo num mundo que girava rápido demais.

​     O espelho de hoje mostra uma versão de mim marcado pelas batalhas do tempo, talvez um pouco mais calejado, mas infinitamente mais sedento de uma verdade simples. E é por essa verdade que eu te chamo ao vento.

​     Não me importa se o sol de Copacabana revelou rugas em seu rosto, ou fios de prata em seus cabelos. Eu quero te rever, quero tocar as marcas desse tempo que nos separou. Porque as rugas, meu bem, não são cicatrizes de derrota… são a caligrafia da vida em sua pele.

     ​Quero te encontrar e descobrir se o seu riso ainda tem aquele timbre de maré cheia, e se o seu olhar ainda consegue me trazer de volta para a areia onde éramos apenas nós dois.

     Esperando as luzes do hotel Copacabana acenderem. Não para sermos os mesmos inocentes, mas para sermos, finalmente, os amantes resilientes que o tempo forjou.

     Por Alfredo Guilherme 


sábado, 18 de outubro de 2025

Fotografia é Filosofia do… Nu Amado…

 



      Fotografar um corpo  amado não é apenas registrar pele… É tocar o invisível.
     É filosofar com a temperatura da luz do flash, como se cada curva fosse argumento, cada sombra fosse pensamentos contendo segredos, que só a pele ousaria contar.

     E se for o corpo nu amado é mais do que desejo, é linguagem corporal exercendo a mais bela forma de liberdade.
     Não há roupa, não há máscara, não há disfarce… Só existe coragem de se revelar por inteiro.
     A fotografia, então, vira testemunha desse instante em que a beleza deixa de ser só
exposição e vira poesia visual.

     A cada clique guarda tamanha filosofia que nenhum acadêmico alcança… a de que amar é aceitar a nudez do outro, não apenas da carne, mas também da alma.

     Ao fotografar, não se captura só ou só nudez, celebramos com poéticos versos esse instante.

      E um manifesto de que amar é querer se ver, sem véus, e assim desejar eternizar esse delírio que chamamos de expressão da intimidade através da arte e do desejo, onde não existe vulgaridade e sim um pacto de confiança e beleza.

     Porque, a imagem não revela só o corpo… Ela revela a beleza do olhar de quem ama, transformando o ato de fotografar que é visto como técnico em um gesto quase sagrado de intimidade.

     O amor verdadeiro é o único olhar capaz de despir sem violar.
     E nessa entrega… que a fotografia vira eternidade.


      Por Alfredo Guilherme 



segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Crônica: Quantos dragões até o amor?…



     Quantos dragões a gente tem que matar até encontrar o grande amor das nossas vidas?
     Porque, sejamos sinceros, a promessa era clara, derrotar monstros, atravessar muralhas de fogo, vencer exércitos de inseguranças… e, no fim, viver o “felizes para sempre”.    Mas a realidade  mais próxima de “felizes” é até a fatura do cartão vencer.

      Nos contos de fada, o herói mata o dragão e conquista a princesa… Na vida real, você mata o dragão da carência, da solidão, do ciúme passivo-agressivo, e, quando pensa que vai ganhar a bela… Puta merda!!… Aparece a fera. E não estou falando de criatura mística, estou falando daquela pessoa que se revela depois do terceiro mês de namoro, quando o filtro cai e você descobre que a fera ronca, peida, tem lábios carnudos, mas é artificial, tem crise de ciúmes com stories e acha normal ela ter a senha do seu celular… e usar sua escova de dentes.

     A verdade é que a gente cresce acreditando que o amor é um presente de Deus. Como se fosse um troféu entregue a quem mata todos os dragões no caminho.     

     Só que ninguém contou que alguns dragões voltam…  ressuscitam, mudam de forma. Aí vamos ter… O dragão da insegurança, por exemplo, tem mais vidas que gato. E o dragão da expectativa é praticamente imortal.

     E, no meio da batalha, você percebe, talvez que o grande amor não esteja no final da luta, mas dentro dela… Talvez amar seja essa porra toda, emprestar  a sua espada pra luta, rir das próprias cicatrizes de batalha, aceitar que a “bela” também tem seus dias de “fera” e que você… cavaleiro, também não é lá tão heróico assim, tem seus vacilos, principalmente quando deixa a desejar na investidas sexuais noturnas falhando e colocando a culpa no estresse de tanto trabalho, ou por ter levado um esporro depois de deixar a toalha molhada em cima da cama, o que também é uma boa desculpa pra não ter que dormir de conchinha, na verdade, convenhamos ninguém merece dormir com alguém fungando do no cangote a noite toda né, e é inevitável à inibição… vai que você deixa escapar aquele “punzinho amigo” na madrugada bem na direção de quem te amou e te deu prazer .

     No fim, a pergunta não é “quantos dragões até encontrar o amor?”, mas “Com quem vale a pena enfrentar os dragões imortais pela vida à fora”.

     Porque o amor, esse bicho tinhoso, não é o prêmio depois da batalha. Ele é a coragem de continuar lutando, mesmo quando a bela se revela fera… e a fera, às vezes, se revela bela.

      À pergunta é… Qual tipo de dragão, São Jorge teria matado ?


     Por Alfredo Guilherme 


quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Uma crônica se disfarçando de metáfora…

 



 Na janela, contemplando a noite… Um gato.

    Com olhos que brilham como duas brasas curiosas, atentos ao mistério que só a escuridão da noite sabe guardar.
    E de repente, borboletas surgem, dançando em torno dele, como pequenas centelhas de luz.
    Frágeis borboletas noturnas, insistentes, que parecem sussurrar segredos ao seu redor.

    A cena, de tão improvável, que denuncia algo no ar.
    Não é apenas um gato… não é apenas uma noite qualquer… não é apenas o voo inquieto de asas delicadas.
    É a linguagem invisível do romantismo que se infiltra nos lugares mais silenciosos.
    Porque quando a noite se enfeita de borboletas, é sinal de que corações apaixonados andam conspirando.

    O amor tem dessas artimanhas…
    Escolhe metáforas sutis para se anunciar… em um gato à espreita, com a lua certamente, vigiando lá do alto, borboletas que não deveriam estar ali, mas estão.
    Tudo para dizer, sem palavras… Há desejo no ar, há poesia rondando, há romance prestes a acontecer.

    E quem vê a cena entende, mesmo sem querer… não são as borboletas que giram em torno do gato.
    É o amor… Invisível e insistente, girando em torno de nós.


    Por Alfredo Guilherme 


sexta-feira, 12 de setembro de 2025

UM CONTO DE CORDEL : Entre Quedas e Cafunés...

 

       Em uma pequena cidade, com ruas de pedra, rede na varanda, rádio tocando forró antigo e cheiro de bolo de milho no ar. O tempo parece andar mais devagar, como se respeitasse a dor de quem já amou demais.    

        O Agreste nordestino é uma das quatro sub-regiões do Nordeste brasileiro, e talvez uma das mais poéticas em sua dualidade... É onde iremos conhecer esses personagens, que carregam o cheiro da terra e o som da sanfona.   

       Zeferino, um homem sensível, com coração remendado e olhar desconfiado, ama café forte e versos sinceros... Zé Agrepino, mais conhecido como Zé Confiança, um filósofo popular, meio doido, anda levando esperanças pela cidade ... Luzia, vendedora de poesia e abraços, na feira, tem um sorriso que desarma qualquer tristeza e uma voz que parece cantiga de ninar.

       No sertão da alma, onde o tempo caminha descalço, E lá onde mora Zeferino, com seus silêncios com som de vento e canto dos passarinhos.

       Já amou, já caiu, já jurou nunca mais amar se for pra sofrer. Mas o coração, esse danado, vive desobedecendo promessas, entre quedas e cafunés, entre medo e a vontade de ser feliz.     

       Zeferino e a saudade... homem sensível, com coração remendado e olhar desconfiado. Sentado na varanda olhando o horizonte, a rede balança , o rádio toca baixinho, um Forró pé-de-serra com sanfona suave. 

       A saudade é personagem invisível, mas presente. Ele conversa com ela como se fosse gente... - Você de novo, saudade?... Você não cansa de me visitar, não? Como se fosse dona de mim ?

      Ele pega uma xícara de café, e suspira... O café esfria, mas você, parece que gosta de me ver remoendo saudades... Você é mesmo uma filha de uma égua,  pra não dizer outra coisa.

      Nesse momento eis que chega seu amigo, Zé  Confiança, um filósofo popular, meio doido, meio sábio. Anda com chinelo furado e frases de efeito na ponta da língua, chega com um sorriso maroto, com um saco de pão e uma filosofia pronta... “Amor é igual pão quente, se esperar de mais, endurece.”...  Abra o seu coração de novo velho amigo.

      - Vamos fazer um teste. Se você sorrir três vezes com o novo amor, é sinal que o seu coração quer brincar de novo. Aproveitando...Trouxe pão e filosofia. Qual você quer primeiro?

      -  Se for pra doer menos, começa pelo pão, quero esquecer.

      -  Zé sorriu... - Esquecer é coisa de quem nunca aprendeu a lembrar com carinho, meu amigo. e aqui no agreste a esperança é teimosa ela é quem brota mesmo quando a chuva demora a chegar.

     Quarta -Feira, dia de feira livre, na praça lugar de festas juninas gigantescas e personagens que parecem saídos de um romance de Ariano Suassuna. É onde o humor se mistura com sabedoria, e o sofrimento vira poesia.

       Ele encontra Luzia, vendendo versos e poemas em papel de pão.
       Eles conversam, trocam risos tímidos e olhares que dizem mais que palavras, Luzia com o seu sorriso que desarma qualquer tristeza e uma voz doce que parece cantiga de ninar.
       Ela oferece para ele um verso por um sorriso. Ou dois por um cafuné.       
      -  E se eu não tiver nem sorriso nem cafuné Luiza ?
      Luiza sorri e vai logo dizendo... -  Então leva de graça, quem carrega dor já paga demais.
      Ele lê o verso... “Pra quem já caiu, um verso que levanta.”
      - Você escreve com o coração? estou emocionado...
      -  Escrevo com as dores do mundo, elas tem cicatrizes. Mas têm boa caligrafia.

     O dilema... Passados alguns dias... Zeferino e Zé sentados sob um pé de manga, jogam palavras ao vento.
     - Zeferino...  Lembra do texte ? Se você sorrir três vezes no proximo encontro com Luzia, é sinal de que o seu coração quer brincar de novo.
     -  Lembro, mas se eu tropeçar?
     -  Tropeço é convite pra abraço, homem.

     A velha cidade acorda cedo, com galo e rádio ligado. Forró de Luiz Gonzaga e coração remendado.  Zé Confiança já grita bem cedo pelas ruas, com pão e sabedoria,  “Quem tem medo de cair, nunca dança com alegria!”

     No terreiro da esperança, Zeferino se ajeita, Com chapéu de palha torto e esperança que não se deita.  
     Luzia vem chegando, com cheiro de poesia e perfume de uma flor... Ditribuindo verso e abraço, e um tantinho de amor. 
     Eles vão pela estrada, poeira subindo leve, Luzia rindo baixinho, Zeferino já não é tão breve e... Tropeça numa pedra... Luiza, essa pedra tem mais iniciativa que eu. 

      Luzia rindo também responde... -  Ela só fez o que você não teve coragem, te empurrou pra frente... e versou... Porque amor que é do bom, vira dança no abraço.

     Chegam... No mercado que tem cordel, tem cuscuz e tem repente, tem menino correndo solto e saudade sorridente.  
      Zeferino compra um buquê de flores, e Luzia recebe com um olhar de emoção... E o coração de Zeferino, esse danado, começa a se animar.

      Zé Confiança, observa de longe, com sorriso de quem já viu de tudo... e jura que esse amor vai dar certo, no sertão da alma, de Zeferino o amor nunca se extinguiu. É feito de flor e poeira, de tropeço e de calor... E quem aprende a cair, aprende a voar com amor.

      Essa embolada amorosa é como rede balançando no alpendre, leve, sincera e cheia de balanço. 
     Dá pra imaginar os três sentados sob o pé de umbuzeiro, com o sol se despedindo no entardecer, e o rádio tocando Dominguinhos, enquanto festejam o coração de Zeferino que aprendeu a amar de novo.


      Por Alfredo Guilherme


sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Crônica: Amor com cicatrizes e risadas...



    Amar é como andar de bicicleta sem rodinhas, no começo, você cai, rala o joelho, promete que nunca mais vai tentar... e no dia seguinte já está lá, com capacete torto e esperança renovada.

    Perder alguém dói. Dói como pisar descalço num Lego às três da manhã. A saudade é uma senhora teimosa que aparece sem ser chamada, senta no sofá da sala e ainda reclama do café morno. E a gente, educado, deixa ela ficar, porque no fundo, ela também é feita de amor.

    Mas aí, quando você menos espera, aparece um novo alguém... Com um sorriso meio torto, uma risada que parece trilha sonora de comédia romântica e um jeito de olhar que diz... “Ei, tem espaço aí nesse coração bagunçado?”

    E o dilema começa, confiar de novo ou proteger o que sobrou? 
    É como decidir se vale a pena comprar planta nova depois de matar três suculentas em menos de um mês. 
    A resposta? Sempre vale. Porque o amor não exige perfeição, só coragem.

    Confiar é poético. É dar bom dia ao acaso, é deixar a porta entreaberta pro destino espiar. 
    E se vier mais uma queda, tudo bem. A gente já aprendeu a levantar com estilo, talvez até com um meme pronto pra postar.
    No fim, viver entre a dor e o recomeço é como dançar com sapato apertado... desconfortável, sim, mas às vezes a parceira e a música é boa demais pra ficar parado.

     Por Alfredo Guilherme


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Carta para mim mesmo...

     


      É uma conversa entre tempos, entre versões de mim, que se reconhecem e se acolhem... Aqui vai uma carta escrita com o coração voltado para dentro, como se eu estivesse olhando para mim mesmo através das ondas que já enfrentei e das que ainda virão... Escrever para mim mesmo foi como segurar um espelho que não distorce. É uma forma de se ouvir sem interrupções, de colocar em palavras aquilo que às vezes nem o pensamento consegue organizar. 
     A carta vira um espaço seguro onde você pode ser honesto, vulnerável e inteiro.

     

    Carta para mim mesmo...

     São Paulo, 28 de agosto de 2015

    Alfredo,

    Hoje escrevo para você não como quem quer lembrar o passado, mas como quem deseja renovar o sonho de voltar ao mar, seja ele literal ou simbólico. Sei que há dias em que o horizonte parece longe demais, e que o sal que escorre dos olhos não vem do oceano, mas da saudade. Ainda assim, você continua.

    Você já pertenceu a lugares, a pessoas, a ideias. Já se perdeu também e não há vergonha nisso. Perder-se é parte do caminho de quem se transforma. O que importa é que, mesmo nos naufrágios, você nunca deixou de procurar terra firme dentro de si.

    O mar que você sonha voltar não é feito só de água é feito de coragem. É o lugar onde você se sente inteiro, mesmo quando as ondas te desafiam. E esse mar, Alfredo, não está lá fora. Ele está em você. Cada gesto de ternura, cada silêncio respeitado, cada passo que você dá mesmo com medo, tudo isso é mar.

    Renove esse sonho. Não como quem quer repetir o que foi, mas como quem deseja descobrir o que ainda pode ser. O mar muda, e você também. Mas a essência permanece, você é feito de movimento, de profundidade, de mistério. E isso é belo.

    Se um dia esquecer, volte a ler esta carta. Ela é sua âncora e sua vela.

    Com carinho, eu mesmo...


        2025, aqui está a minha resposta, como se eu tivesse acabado de ler a carta que eu escrevi a dez anos atrás... E tem uma profundidade que merece ser sentida antes de ser respondida. 
    Escrever uma carta para si mesmo é um gesto de intimidade rara, como se você se tornasse ao mesmo tempo o remetente e o destinatário da sua própria alma.


      Minha resposta em 2025...

     São Paulo, 28 de agosto de 2025

    Alfredo,

    Recebi sua carta como quem reencontra uma fotografia antiga e percebe que o tempo não apagou o brilho nos olhos, apenas o redesenhou. Li cada palavra com a reverência de quem sabe que o passado não é só memória, mas raiz.

    Você me escreveu com esperança, e eu te respondo com gratidão. Porque foi essa esperança que me sustentou nos dias em que tudo parecia desbotado. Foi ela que me lembrou que o mar não se perde ele apenas muda de maré.

    Sim, eu ainda sonho com o mar. Mas hoje, ele tem outras formas,  às vezes é um abraço, às vezes é um silêncio que me acolhe, às vezes é a coragem de dizer “não” sem culpa. Aprendi que o oceano que você carregava dentro de si nunca secou, ele apenas se aprofundou.

    Você me ensinou a não temer a perda, a aceitar o movimento, a amar sem precisar de poesia. E mesmo assim, a poesia veio. Veio nos gestos simples, nas escolhas difíceis, nas manhãs em que eu decidi continuar.

    Hoje, eu sou feito das suas perguntas e das minhas respostas. Sou o resultado das suas dúvidas e da minha fé. E se você ainda se pergunta se valeu a pena, eu te digo, sim. Valeu. Porque mesmo sem saber o caminho, você caminhou. E isso é tudo.

    Obrigado por ter escrito. Obrigado por ter acreditado. Obrigado por ter sido o Alfredo que eu precisava para ser o Alfredo que sou.

    Com respeito e carinho, Alfredo em 2025


    Cartas para si são cápsulas do tempo. Você escreve com a voz de hoje para você amanhã. É um ato de coragem e de ternura. E o mais bonito? É que, mesmo sendo solitário, nunca é solitário de verdade, porque ali, você está com você.
    E quando lê depois, percebe o quanto cresceu, mudou, ou até o quanto continua buscando as mesmas coisas. É uma forma de conversar com o tempo.


     Por Alfredo Guilherme

 


segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Um conto contado : Esquina da Memória…

 


    Era uma esquina como qualquer outra, dessas que a gente frequenta sem pressa quando a cidade já resolveu dormir. O asfalto ainda úmido refletia a luz amarela dos postes que pintava a calçada com sombras longas, e o mundo parecia andar mais devagar, e havia um silêncio tão cuidadoso que até os passos pareciam pedir licença.
    Estabelecendo um cenário contemplativo, onde o tempo parecia permitir que o passado se infiltrasse no presente.

     A rua continua lá. A esquina também. E às vezes, quando passo por lá, sinto tudo de novo. Como se o tempo estivesse apenas esperando que eu voltasse.
     Onde hoje só mora o acaso, veio o perfume, do nada, feito brisa que decide enfeitiçar, passou por mim, doce, familiar. E como se obedecesse a um roteiro secreto, de repente uma música começou a tocar. Veio de algum bar boêmio. Era aquela velha canção que a gente nunca admite gostar, mas canta inteira quando acha que ninguém está ouvindo.

    E então, foi como se o tempo se curvasse.

    Eu lembrei. De nós dois... Do seu inebriante perfume, naquela noite em que a cidade parecia conspirar a favor, silenciosa, cúmplice, suspensa entre promessas.

    Ali estávamos. Entre risos baixos, conversas partidas pela metade, aquele jeito desajeitado de quem ainda não sabe se pode pegar na mão ou só o olhar. Estávamos ali. Tenho certeza. Lembro do tom da sua voz, da curva do seu corpo, até do seu sorriso, de como você me olhava como se o mundo coubesse inteiro entre uma palavra e outra. E isso bastava.

    Mas juro, juro mesmo, que não me lembro com que roupa estávamos vestidos.
    Talvez porque, naquela noite, tudo que vestíamos era o sentimento. Era desejo disfarçado de timidez. Era o frio na barriga travestido de coragem. Era o arrepio que nascia do lado de dentro.

    A rua continua lá. A esquina também. A música deve estar perdida em algum vinil velho, e o perfume talvez nem exista mais. Mas quem sabe, numa outra noite qualquer, tudo volte como se nunca tivesse ido.

     Incrível... Só não lembro da roupa que vestíamos.

    Talvez seja isso que o cérebro faz com os detalhes, guarda o essencial e joga o resto na caixa de "tanto faz". 

     Mas será que o essencial é mesmo o que a gente lembra, ou o que a gente esquece devagar?


     Por Alfredo Guilherme 


Poetizando...Vestígios e Cheiros do amor...


     Vestígios... 

    Ainda há você em tudo... Na dobra do travesseiro, no silêncio que pesa quando a noite cai.   
    A cama, moldada pela tua ausência, insiste em guardar teu formato, como se o tempo não tivesse coragem de apagar o que fomos.

    Meus lábios, mesmo secos de saudade, ainda sabem teu gosto. É uma memória que não se dissolve, um eco íntimo entre o toque e o desejo.

    O lençol carrega teu cheiro, não aquele que se compra em frascos, mas o que nasce da pele, da respiração entrecortada, do calor que se espalhava entre nós.

    É tua assinatura invisível, gravada em cada canto onde o amor se fez corpo. Vestígios. Não são lembranças, são provas. De que o que houve, ainda há.

    Cheiros do Amor...

    O amor tem cheiro de saudade, que se esconde na roupa esquecida.

    Tem a essência da presença, pele e respiração que não cabem em frascos.

    Às vezes é doce como mel, às vezes incenso ardente de desejo.

    Pode ser brisa de ternura, café fresco, flor no quintal, ou névoa de mistério no perfume de quem passa.

    E mesmo quando o tempo insiste em apagar, ele deixa fragrância de eternidade, como se amar fosse respirar o infinito desse perfume.


    Por Alfredo Guilherme


quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Quando o Desejo Vira Verso…


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    Há… minha linda… 

    Teu nome já é convite, suspiro antes do toque, promessa que se cumpre na pele.

   Você chega como quem não pede licença, mas ocupa todos os cantos do meu corpo.
   E o mundo, por instantes, se resume ao teu hálito quente na minha boca.

   Teu olhar, lâmina e abrigo corta minhas defesas e costura meus desejos com a linha invisível da tua entrega.

   No teu abraço, não existe metade, não existe talvez.
   Só a certeza úmida e ardente de que o amor, com você, é verbo no presente.

   Um convite, a tua pele nua, nela eu descubro o mapa do prazer.
    No teu toque acende o fogo da paixão, que não quero apagar.
   Em ti, a entrega é o próprio orgasmo do amor.

    E quando a madrugada se despede, ainda posso sentir em mim o perfume da tua coragem de me amar sem freios.

     Por Alfredo Guilherme


    Que seja assim…

    Se é pra falar em sexo com poesia…

   Então venha…

   Deixa eu escrever um conjunto de versos de um poema, e ler seus desejos na ponta da língua.

    A gente não precisa combinar rimas, porque nossos corpos já falam o mesmo idioma.
    E quando o silêncio cair… que ele seja só a pausa entre um verso e outro.

    Se é pra falar em sexo com poesia…
    Então quero que nossos corpos sejam rimas livres, onde cada toque seja um verso, 
e o final… e a gente escreve gemendo.

    Se é pra falar em sexo com poesia…
    Quero que sua pele seja meu papel.
    E do suor dos nossos corpos saia a tinta, e cada letra seja escrita com o ritmo quente dos nossos corpos.
    Que o ponto final só venha quando o silêncio for tão profundo que até a respiração vire verso.

     E se o silêncio for só o começo de outro poema?

    Por Alfredo Guilherme




quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Desde que te encontrei…

 


     Você me ensinou que florescer não é só esperar o botão da flor abrir-se ao mundo, mas abrir o coração para alguém.

     E foi nos teus olhos, que aprendi viver a primavera do afeto, estação onde tudo em mim, ganhou nova cor.

     Com você, entendi, que amar é deixar-se ver por inteiro, é confiar a alma como se fosse jardim, com raízes expostas, com brotos de esperança, com cicatrizes do inverno.

     Desde então, tudo em mim se transformou…
     Minhas raízes cresceram mais firmes, porque se encontraram na tua presença.
      E meus galhos, mais leves, porque já não carregam o peso da solidão.

      Você é sol, é chuva mansa, é o tempo certo que eu esperava.

      Contigo, florescer não é impossível…
      É paz…

      É amor que cresce enraizado na felicidade.


     Por Alfredo Guilherme 



sábado, 9 de agosto de 2025

Crônica: O Atalho dos Apaixonados Apressados…

 


     Tem gente que, ao encontrar alguém, já quer ir direto pro “felizes para sempre”.
     Mal trocou três mensagens, e já tá sonhando com café da manhã de domingo e escova de dente no mesmo copo.
     Quer o beijo, o drama, o sexo e a superação… tudo num só fim de semana.
     Amor, às vezes, vira pressa. E a pressa tem o pé ansioso e o coração tropeçando em momentos difíceis.

     A gente esquece que antes de correr, precisa aprender a andar de mãos dadas juntos.
     A conversar sobre bobeiras, a rir de graça, a se irritar com a diferença e, mesmo assim, continuar nessa pegada.
     Porque amor não é só chegada. É percurso.
     É o caminho até sei lá, é que faz o final valer a pena.

     Mas somos filhos da urgência.
     Queremos pular o capítulo da dúvida, da insegurança, da rotina.
     Queremos o “grande amor” sem passar pelos “pequenos incômodos” e isso, meu caro, não existe.

     Tem beijo que só faz sentido depois do toque das mãos e de algumas conversas afetivas, mais intimas.
     Tem abraço que só encaixa depois de uns silêncios compartilhados.
     Tem amor que só floresce depois da paciência mútua de não desistir na primeira escorregada.

     Amar com intensidade, sim. Mas com profundidade também.

     Porque correr demais pode nos fazer perder os detalhes.
     E o amor mora nos detalhes, na forma e no jeito que sorri quando não tá vendo, 
a dor do outro e no silêncio respeita sem precisar entender tudo.

     Às vezes, a gente acelera porque tem medo.
     Medo de perder, medo de não ser suficiente, medo de amar sozinho.
     Mas o amor de verdade… não se assusta com o passo lento.
     Ele caminha junto. Ele aprende a andar com os sentimentos da gente.

     E talvez, o segredo não seja correr. Seja caminhar ao lado.
     E quando for o momento certo…
     Correrem juntos na mesma estrada.


     Por Alfredo Guilherme