Que tal dar um susto na pobreza?
Colocar um terno emprestado, fazer cara de quem entende de ações e falar “on the rocks” com sotaque do subúrbio. Entrar num bar chique de Manhattan, pedir um uísque caro como quem pede água da bica, e brindar à ancestralidade com olhos que nunca se curvaram ao dólar.
Mas, quer saber?
A gente prefere mesmo é torcer pelo time de coração e brindar mesmo é em Copacabana.
De chinelo, de samba, com o sol lambendo os ombros e o garçom ranzinza dizendo que não tem fiado, mas tem afeto.
Porque a gente já entendeu que luxo mesmo é rir com todos os dentes, mesmo quando a geladeira faz eco.
É brindar com vinho nacional de uva brasileira e suor de trabalhador.
É fazer do bar da esquina o nosso Madison Square Garden emocional.
Podíamos querer tudo importado, mas a verdade é que a gente gosta é de fazer do improviso uma arte, e da mesa de plástico do quiosque um banquete com vista pro mar.
O Brasil tem suas dores, suas fomes, seus buracos...
Mas tem também um jeito insolente de existir, de não pedir licença pra ser alegre, de resistir com batuque, beijo de língua e frase de efeito, contra falsos patriotas brasileiros, que usaram bone vermelho com essa frase... Make America Great Again…ainda bem que o nosso pais não precisa disso ele já nasceu grande.
Não precisamos de aprovação estrangeira.
Não precisamos de permissão pra brindar com o que nos pertence, nossa terra, nossa fala, nossa maneira torta e maravilhosa de ser povo.
Se for pra dar susto na pobreza, que seja com risada escandalosa, com beijo roubado num boteco e um brinde feito com copo de requeijão.
Porque somos esse Brasil brasileiro... Um lugar de democracia… Com muito orgulho, com muito amor, e uma tremenda preguiça de fingir que queremos ser qualquer coisa além de nós mesmos.
Tim- Tim… Saúde.
Por Alfredo Guilherme