Na vastidão de um jardim oculto, onde o tempo parecia descansar, havia uma única rosa que encantava os olhos de quem se aventurava por ali. Suas pétalas eram de um vermelho tão vivo que pareciam pulsar com vida própria. Mas ao redor dessa rosa, haviam espinhos afiados, que não apenas intimidavam, mas contavam uma história.
Rebeca passava por aquele jardim todos os dias. Era para ela um refúgio, o lugar onde deixava seus pensamentos vagarem.
Mas havia algo naquela rosa que a intrigava. Nenhuma outra flor ao redor era tão protegida, tão cercada por espinhos que pareciam quase guardiões. "Por que tanto esforço para proteger uma simples rosa?", ela pensava.
Ela não sabia que aquela rosa guardava um segredo, e os espinhos não estavam ali por acaso.
Havia uma lenda que dizia que cada rosa com tantos espinhos assim tinha um guardião invisível, alguém que havia escolhido dedicar sua existência a protegê-la.
Essa rosa tinha um guardião. Seu nome era Artur, mas ele não era como os outros. Era um jovem que, em vida, aprendera que amar significava proteger, mesmo que isso o ferisse. Certa vez, ele amou profundamente, mas não soube como cuidar. Seu amor fora arrancado de suas mãos descuidadas, e ele jurou que jamais permitiria que algo tão precioso fizesse ele sofrer novamente. Quando partiu deste mundo, sua alma encontrou uma nova missão, era para proteger aquela rosa.
Rebeca não sabia disso, mas sentia a presença de algo ao redor daquela flor. Era como se o vento sussurrasse essa história de coragem e sacrifício sempre que ela se aproximava. Em um dia de forte tempestade, enquanto raios rasgavam o céu e o vento ameaçava destruir tudo ao redor, ela decidiu que salvaria a rosa.
Enfrentou os espinhos sem hesitar, espetando os dedos, enquanto o sangue escorria pelas mãos. Cada toque parecia um aviso, um pedido para que recuasse. Mas ela insistiu, segurando a haste e levando a rosa para um lugar seguro.
Artur assistia, silencioso, sentindo pela primeira vez uma emoção há muito estava esquecida a ‘gratidão’.
Ele compreendeu que o amor verdadeiro não é apenas proteger, mas também confiar que outros possam fazer o mesmo, amar e cuidar.
Quando Rebeca colocou a rosa em um vaso e passou a cuidar dela com carinho, Artur percebeu que sua missão ali estava se encerrando.
Naquela noite, enquanto Rebeca dormia, ela sonhou com um homem de olhar terno e braços fortes, que lhe agradecia por completar o que ele havia começado. Quando acordou, notou que os espinhos da rosa haviam desaparecido.
A rosa não precisava mais ser protegida pelos espinhos, porque agora ela tinha Rebeca para cuida-la.
E Artur, finalmente livre, partiu em paz, para seu plano espiritual, levando consigo a certeza de que amar é proteger, mas também permitir que outros amem da mesma forma.
Rebeca, em um dia qualquer acabou escrevendo esse poema…
O Espinho e o Amor…
O espinho que guarda a rosa em seu leito
Fere a mão que ousa roubar seu encanto.
Mas não é crueldade o gesto estreito
É zelo, é cuidado, um amor em manto.
Assim é o coração que ama profundo
Que veste armadura para proteger
Do vento cruel e do áspero mundo
Aquele por quem escolheu viver.
Se a rosa é frágil, o espinho é forte
Vigia a beleza com destreza e dor
E mesmo enfrentando o destino e a sorte.
Permanece firme, fiel ao amor
Pois quem ama guarda, quem ama defende
Com braços, com alma, com o que for preciso
No peito inflama um desejo que ascende…
Que o espinho que cerca a rosa
Seja a prova eterna do zelo maior
E que o amor que protege
Seja mais belo, sem temer o pior.
Por Alfredo Guilherme
4 comentários:
Que conto gostoso de ler parabéns amor e proteger
Lindo conto Pena que a realidade seja outra. Mesmo assim bora acreditar no amor!!!
Magestosamente Lindo. 💝
Que conto lindo e meigo. Vc é genial.
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