sexta-feira, 9 de maio de 2025

Bocas Vermelhas...




       A madrugada é território de mistérios e promessas não ditas. No silêncio que se espalha pelas ruas desertas, há bocas vermelhas que te encontram sem aviso, sem medo, sem hesitação.

     A cidade dorme sob um véu de névoa e luzes difusas. O silêncio pulsa como um segredo guardado entre prédios e becos estreitos. No meio desse cenário, há bocas vermelhas que flutuam entre sonhos e ruas desertas, trazendo o calor de um beijo que atravessa a madrugada.

     O beijo chega quente, rouba o fôlego e dissolve o tempo. Não há passado, nem futuro... só o instante, só o toque, só o gosto que gruda na pele e nos pensamentos. Um convite ao delírio, ao desejo.

     Talvez sejam lembranças de um encontro fugaz, um desejo que se desenhou na penumbra e pode evaporar com o nascer do dia. Talvez sejam apenas ilusões, sombras do desejo projetadas na brisa noturna, envolvendo quem ousa caminhar sozinho pelas horas tardias.

     Mas quem já sentiu o toque de lábios encarnados quando o mundo adormece, sabe que não há amanhecer que apague esse instante. O gosto do beijo fica, como um vestígio ardente na pele, como um mistério sussurrado ao vento.

     E quando a cidade desperta, com o sol despontando no horizonte, tudo parece um delírio passageiro. Mas na profundidade do olhar, no leve arrepio que resiste ao tempo, lá estão elas essas mesmas bocas vermelhas uma delas vai te encontrar.

   

    Por Alfredo Guilherme


9 comentários:

Anônimo disse...

Simplesmente tudo esse texto MARAVILHOSO

Anônimo disse...

Esse seu texto exala um magnetismo poético, quase um feitiço lançado pela madrugada.

Anônimo disse...

Caro amigo Alfredo me emocionei com seu texto..."Bocas Vermelhas" surgem como entidades do desejo, não necessariamente pertencentes a alguém específico, mas à própria essência do encontro fugaz que a noite permite. Que inspiração maravilhosa você teve...

Anônimo disse...

Se a noite tem lábios, eles falam na linguagem dos encontros que não precisam de explicação. Fascinante o seu texto

Anônimo disse...

Eu vejo assim bocas vermelhas podem ser uma metáfora para vozes que ecoam na escuridão, histórias sussurradas pela madrugada, promessas não ditas. Elas flutuam entre o real e o imaginário, provocando uma dualidade entre o desejo e a ilusão. amigo vc foi fundo hein

Anônimo disse...

Uma abordagem delicada e provocante que mistura desejo, mistério e aquela sensação de que, mesmo quando o dia nasce, certos instantes nunca se apagam completamente. 👏👏👏👏👏👏👏

Anônimo disse...

Texto inteligente faz a gente ler 1…2…3…4…vezes e em cada uma destas vezes viver mais o texto dentro da gente só posso te dizer novamente “ Cara vc é foda “ meu amigo!!!!

Anônimo disse...

Que delícia uma boca vermelha sendo bem beijada.👏👏 parabéns!

Anônimo disse...

Realmente... Há algo de hipnótico nesse instante roubado, nessa pulsação que não pede permissão.