terça-feira, 18 de novembro de 2014

O culpado é Xangô...?


  Xangô tinha duas mulheres;

 Oxum, alegre e festeira... 

E a Obá, uma mulher triste e amargurada...

As duas se revezavam cuidando do palácio...

Fazendo as mesmas coisas...







         

           Essa é a historia do Vivinho da Silva.

 No dia fatal...

 Eu... Doidão, nem conseguia parar em pé direito.

 Eu juro, não ia conseguir fazer nada com meu pinto a não ser mijar.

  Já cheguei bem bêbado mesmo como manda o artigo 1 do manual dos alcoólatras visíveis, na birosca do Pau Velho, na subida da ladeira do Divino, no Vidigal.

 Lá morava o mais gostoso pecado...

 A linda Tetê, uma mulher de corpo escultural, bem arrumada, perfumada saliente e danada pra cacete.

E mandava muito bem...  Todo... Aquele corpão em cima de um scarpin vermelho... Puro tesão...

 Ela não saía do meu pé, mesmo sabendo da minha relação com Laura.

Era só me ver chegando pela janela da casa dela, que ela descia num rebolado de causar inveja a qualquer cobra... 

 Se cobra rasteja-se horizontalmente perdia pra ela...

Vinha que vinha se insinuando toda pra mim...

E neste dia que eu levantei com o pé esquerdo na má sorte, foi foda...

Eu só estava jogando conversa fora, com ela, mas ai, não sei o que deu na minha cabeça...

Cai na tentação do rabo grande...

Não resisti ao enorme traseiro saliente da Tetê... 

 Ela - Ai, meu nego hoje é por minha conta e a saideira também, hoje vamos finalizar.

Com seus seios brilhando pulsando na minha direção, ela pediu falando no meu ouvido bem baixinho, para eu pegar o dinheiro...

Que ela malocava no porta seio, meti dois dedos no meio deles ao melhor estilo de punguista ladrão de carteira do largo no Machado, tirando uma nota que com o troco daria pra uma boa noitada, de amor...

Puxei ela na minha direção... Dei uma caprichada passada de mão em “lo motion” em super câmera lenta na sua encorpada bunda.

E neste exato momento...

Tomei o flagra...

Na minha concepção alterada pela cachaça, não achei nada de tão grave assim, no que eu como homem estava fazendo...

Mas, a Laura não entendeu assim e deu alteração.

Humilhação, braba mesmo.

Mas, quando eu vi aquela lagrima rolando bem de mansinho no rosto da Laura...

E isso acontecendo na frente dos pé de cana, presentes na birosca...

Ai o mais sem noção de todos da velha guarda de bebuns, o Brandão, que é surdo, ou melhor, ele diz que é...

 Se faz de surdo na hora de rachar a conta sai de fininho não querendo ouvir quanto é a parte dele, e mole...

Ele me sai com está...

- Chora não, dona, chora não o Vivinho e todos os homens e tudo igual, nenhum vale nada...

Confesso que mesmo errado eu fiquei muito puto da vida.    

 Fiquei paralisado, sem a mínima ação.

Eu todo envergonhado sai com está...

- Amorzão já passou, passou... Pronto enxuga aqui no meu lenço a sua ultima lagrima de tristeza pelas minhas safadezas... 

Ela me olhou bem dentro dos meus olhos, e disse...

 - Eu não vou perder o homem que eu amo...  

      Em seguida me pegou pelo braço me deu um beijo no rosto e me levou pra casa.

Daquele dia em diante eu vi que precisava mudar.

Laura poderia até levar o nome de Amélia, na vizinhança por ser uma mulher de verdade...

Mas era ela que eu amava...

Porra desta vez... Eu tinha passado dos limites e precisava de ajuda.

Uma das coisas que eu precisava urgente era ir me consultar com a minha mãe de santo.

E pedir uma renovação de Santo, se é que isso seria possível...

Ter um santo de cabeça, que tivesse uma mulher só caramba...

Ter Xangô de cabeça tava me dando problemas.

 Não que eu estivesse colocando a culpa nele, pelas minhas safadezas extras conjugais.

Nem por brincadeira eu faria isso...

No dia seguinte baixei a cabeça, deixei a marra em casa, e fui falar com a minha mãe de santo.

Sai de lá todo molhado e fedendo a cachaça...

Ela cuspiu pelo menos por meia hora, na minha cara, um litro inteiro de cachaça...

 Isso foi só para tirar as urucubacas mais fracas e os geradores de obsessão que trabalhavam contra a minha felicidade...

Na “Macumba” vocês sabem tem muita arrogância, um querendo ser mais forte que o outro...

Mas ao sair de lá, eu jurei, deixar tudo isso de lado.

 E gritei bem alto...

 Aleluiaaaa !!!

 Eu vou conseguir sair desta...

E novamente gritei mais alto ainda... Aleluiaaaa!!!!

Nem acabei de gritar...

E já apareceu o Paulo Negrão...

De terno preto e em uma das mãos, a sua bíblia.

Parado ali na minha frente, com disposição querendo me converter.

Acho até, que ele dava plantão na porta do centro pra arrebatar os mais fracos de fé...

Este cara depois que se converteu virou um tremendo pé no saco...

 Ex drogado, ex isso e ex aquilo, dedo leve atirava até na mãe se fosse preciso, passou mais dias na cadeia do que fora dela...

Ele gritava para mim...

Venha... Jesus te chama...!!!! Venha... Jesus te chama..!!!!

Caraca... Justo agora...

Que eu quero viver um grande amor, com a minha Laura...

 Será mesmo... Que o homem lá de cima mandou esse filho da puta me chamar... Na duvida...? 

Eu já meio que sem paciência, fui logo falando a real pra ele.

Com palavras carregadas de alguns palavrões permitidos naquele momento...

Fazendo com que ele saísse ralando o peito rapidinho de perto de mim...

Como doido, saiu gritando que eu estava com... O Sugador de Almas o Coisa Ruim...

Hoje o que mais tem no morro é um bando de ex detentos querendo converter todo mundo...

Abrindo casas e mais casas da moeda, chamadas por eles de Templo Sagrado...

Deste dia em diante, o amor entre eu e Laura brotou como água de cascata em nossas vidas...

Me fez despertar para a poesia, compondo sambas que falavam deste amor...

 E quando eu partir, desta pra melhor...

Quero que todos meus amigos comemorem entre uma cachaça e outra, e comentem dizendo, morreu feliz...

             ... O Vivinho da Silva...