segunda-feira, 21 de abril de 2025

Crônica poética: Frida & Pablo… Dor, Amor e DRs Poéticas…


       Nessa crônica não há contos de fadas, mas sim histórias de feridas bordadas com tinta, versos que sangram nas margens das páginas e pinceladas que desafiam a lógica do amor e da arte. Agora você vai atravessar uma galeria com a alma nua.

     Se o amor tivesse sotaque, ele falaria espanhol arrastado, com cheiro de tinta a óleo e vinho tinto barato.     

     Seria mais ou menos assim...

     Meio Frida Kahlo, meio Pablo Neruda. Metade pincel e ferida, e a outra metade metáfora e saudade.

      Frida Kahlo...

     Feita de espinhos e flores, sobrancelhas de tempestade e uma coluna quebrada que sustentava o mundo.
     Não pedia licença para existir, pintava a dor, o desejo, a ausência e o excesso. 
Era mulher, era vulcão, era mil vezes de si mesma.

     Com coração rachado, os olhos sempre entre o rímel borrado e o desejo de um Diego menos muralista e mais monogâmico. 

      Ela pintava suas dores como quem escreve carta pra um ex que nunca leu nada com atenção. E assinava com as tripas expostas. Frida não fazia arte, ela sangrava em cores.

      E Diego Rivera? Aquele homem com alma de rolo de tinta e mãos de operário da boemia? Ah, o Diego era o tipo de cara que, mesmo pesando cem quilos de contradições, ainda conseguia dizer que “amava muito”  entre um adultério e outro.

      Frida sabia de tudo. Mas não amava pouco. Amava tanto que, mesmo ferida, bordava borboletas sobre os pontos cirúrgicos da alma.

      Do outro lado do continente latino...

      Pablo Neruda escrevia versos como quem cozinhava memórias em fogo lento. Poeta que beijava com palavras e gritava com silêncio.

      Ele fazia da ausência um vinho encorpado e da saudade um prato principal servido nas madrugadas. A mulher companheira, mal virava a esquina e ele já estava com papel na mão.

     “Posso escrever os versos mais tristes essa noite…”

     Claro que pode, Pablo. Mas será que ela não foi só até a padaria?

     Ele era desses. Poeta que driblava a DR com haicai, quase como uma fotografia em palavras. Ele respondia... “Aonde você estava ontem?” com um soneto melancólico. O tipo de homem que transformava a culpa em lirismo e a desculpa em literatura premiada. Era um charme. Era também uma confusão emocional como um livro de capa dura.

     Frida e Pablo talvez nunca tenham se encontrado, não do jeito que a gente sonha. Mas se cruzassem em algum ponto do tempo, talvez trocassem olhares entre tintas e textos, feridas e frases. 

     Ela mostraria um autorretrato com chifres, discretos, e ele diria... “Que belo traço de dor você tem…”

     E se, por um acaso mágico, resolvessem viver juntos por um verão, talvez a casa deles fosse assim…
     Paredes azuis com poemas rabiscados. DRs com metáforas, Sexo com drama.
     E o café da manhã sempre com gosto de despedida ou com um poema inacabado.

      Porque tem gente que ama de forma prática.
      E tem gente que ama como Frida e Pablo… Com o estômago, os dedos manchados de tinta e o coração grudado numa folha de papel.

      No fundo, o mundo precisa mesmo de mais gente assim… 

      Que sinta profundamente.          

      Mesmo que doa. 

      Mesmo que vire arte.

      Mesmo que um dia vire uma crônica.


       Por Alfredo Guilherme 




11 comentários:

Anônimo disse...

A sua inspiração está afiada meu caro amigo, você brincou com o contraste entre o sofrimento romântico e a grandeza artística, dando um toque sarcástico sem desrespeitar a dor real que eles carregaram. Aliás, isso genial mostrar como a arte foi, ao mesmo tempo, salvação e campo de batalha emocional pra esses dois gênios.

Anônimo disse...

Você conseguiu transformar dois dos maiores nomes da arte latino-americana em personagens de um relacionamento moderno, com direito performático. Frida e Pablo, nesse texto, parecem ter saído do século XX direto para um grupo de terapia de casais no WhatsApp... Parabéns !!!!!

Anônimo disse...

Sem palavras simplesmente amei essa poética crônica, sou amante destes dois gênios.

Anônimo disse...

Ah… juntos, seriam o caos bonito.
Um casamento entre uma aquarela em chamas e um poema bêbado. Genial a sua crônica

Anônimo disse...

Eu sigo seu blog a muito tempo mas nunca fiz um comentário sempre achei desnecessário mas esse essa crônica me fez após ler terminar com os olhos manchados de tinta e poesia…. Genial !!!!

Anônimo disse...

Genial mas muito doloroso em verdades, sei bem tudo isto 💝

Anônimo disse...

Genial porém doloroso, ainda mais quando se vive essa realidade 😔

Anônimo disse...

Maravilhosa sua postagem espero que vc cruze outros poetas vai ser muito legal!!!!

Anônimo disse...

👏👏👏👏👏👏👏

Dalidaki disse...

Sabe meu escritor. Você é real ? Que capacidade intelectual você tem. Maravilhoso

Anônimo disse...

Gente !!!! que crônica poética mais espetacular que eu já li .Cara parabéns !!!!