O meu amanhecer virou um teatro existencial!...Vou ilustrar a bagunça tranquila do início do meu dia...
Uma mesa com migalhas de pão, uma caneca meio cheia, um sol preguiçoso entrando pela janela.
Misturo pequenas frases reflexivas sobre o meu cotidiano com desenhos leves expressivos, no papel da vida e talvez até cômicos, com um pensamento flutuando em forma de nuvem.
O óculos esquecido no canto da mesa se sente invisível... e da a sua alfinetada... “Só lembram de mim quando querem enxergar melhor o que ignoraram...”
E apesar da lente embaçada, ainda me faz enxergar o afeto nos gestos distraídos.
Entre o caos e o café da manhã, eu me reinvento.
As migalhas são memória, pequenos fragmentos de ontem sobre a mesa de hoje.
A caneca meio cheia não é sinal de otimismo, é só o tempo ainda em repouso.
A colher observa tudo com a paciência de quem já viu muitas manhãs se desdobrarem em promessas adiadas.
O despertador, coitado, já quis ser poeta... mas só consegue me irritar ao despertar.
Há dias em que os pensamentos flutuam, densos e disformes, no céu do travesseiro.
O sol se espreguiça devagar, não quer ser luz, quer ser abraço.
E nessa bagunça silenciosa, tudo conspira para que eu seja um novo eu... Com novo olhar para a mesma janela. E um longo suspiro antes do primeiro gole.
Embalado pela rotina, esticado pelas vontades, acordado para comer uma torrada filosófica a beira do prato, "Será que sou mais torradinha quando penso demais? ".
Me questiono, enquanto a manteiga escorre como pensamentos não ditos.
Do outro lado da mesa, o celular dramático, já me chamando para o monólogo exagerado de bom dia, no WhatsApp.
O celular não me representa! Eu sou mais do que postagens ou mensagens... sou emoção, sou exagero, sou papel querendo ser poesia!.
Enquanto isso, o leite decide se revoltar contra a gravidade, deixando seu exagero no fogão, e já na xícara, começa fazendo arte no café com desenhos abstratos que só quem é ligado as artes entende.
A chave filosófica, pendurada ao lado da porta, murmura entre suspiros de metal... “Abrir caminhos exige coragem". E um bom molho de possibilidades...”
Ela observa a vida acontecer, desejando ser porta-voz de novos destinos. Pois lá fora, o mundo respira, ainda sonolento, no que ainda é possível.
Cada detalhe revelado no meio da trivialidade do meu amanhecer, há uma coreografia íntima entre humor, filosofia e uma leve melancolia saborosa... Esse é o meu amanhecer...
Por Alfredo Guilherme
5 comentários:
Que cena poética e deliciosamente caótica, Alfredo! Seu texto é um abraço de sensibilidade nas manhãs rotineiras
Seu texto é uma verdadeira pintura literária onde objetos inanimados ganham alma e protagonismo. Meus parabéns
Se o seu texto fosse uma peça teatral, eu já estaria na plateia, com uma caneca meio cheia de café com leite e um olhar novo para sua mesma janela, de inspiração, Bravo meu grande amigo Alfredo Guilherme
Você tornou o cotidiano em espetáculo e com direito a crítica social: o celular como antagonista da poesia. 👏👏👏👏👏👏👍
Massa demais esse texto brincadeira em amigo me empresta um pouco dessa inspiração gostei demais do texto.
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