quinta-feira, 31 de julho de 2025

Entre o caos e o café da manhã, eu me reinvento...

      


      O meu amanhecer virou um teatro existencial!...Vou ilustrar a bagunça tranquila do início do meu dia... 

     Uma mesa com migalhas de pão, uma caneca meio cheia, um sol preguiçoso entrando pela janela. 
     Misturo pequenas frases reflexivas sobre o meu cotidiano com desenhos leves expressivos, no papel da vida e talvez até cômicos, com um pensamento flutuando em forma de nuvem.

     O óculos esquecido no canto da mesa se sente invisível... e da a sua alfinetada... “Só lembram de mim quando querem enxergar melhor o que ignoraram...” 
     E apesar da lente embaçada, ainda me faz enxergar o afeto nos gestos distraídos.

     Entre o caos e o café da manhã, eu me reinvento. 
     As migalhas são memória, pequenos fragmentos de ontem sobre a mesa de hoje. 
     A caneca meio cheia não é sinal de otimismo, é só o tempo ainda em repouso.

     A colher observa tudo com a paciência de quem já viu muitas manhãs se desdobrarem em promessas adiadas.
     O despertador, coitado, já quis ser poeta... mas só consegue me irritar ao despertar. 

     Há dias em que os pensamentos flutuam, densos e disformes, no céu do travesseiro. 
     O sol se espreguiça devagar, não quer ser luz, quer ser abraço.

     E nessa bagunça silenciosa, tudo conspira para que eu seja um novo eu... Com novo olhar para a mesma janela. E um longo suspiro antes do primeiro gole. 

    Embalado pela rotina, esticado pelas vontades, acordado para comer uma torrada filosófica a beira do prato, "Será que sou mais torradinha quando penso demais? ".     

    Me questiono, enquanto a manteiga escorre como pensamentos não ditos.

    Do outro lado da mesa, o celular dramático, já me chamando para o monólogo exagerado de bom dia, no WhatsApp.

    O celular não me representa! Eu sou mais do que postagens ou mensagens... sou emoção, sou exagero, sou papel querendo ser poesia!.

    Enquanto isso, o leite decide se revoltar contra a gravidade, deixando seu exagero no fogão, e já na xícara, começa fazendo arte no café com desenhos abstratos que só quem é ligado as artes entende.   

    A chave filosófica, pendurada ao lado da porta, murmura entre suspiros de metal... “Abrir caminhos exige coragem". E um bom molho de possibilidades...” 
    Ela observa a vida acontecer, desejando ser porta-voz de novos destinos. Pois lá fora, o mundo respira, ainda sonolento, no que ainda é possível.

    Cada detalhe revelado no meio da trivialidade do meu amanhecer, há uma coreografia íntima entre humor, filosofia e uma leve melancolia saborosa...  Esse é o meu amanhecer... 

     

      Por Alfredo Guilherme



5 comentários:

Anônimo disse...

Que cena poética e deliciosamente caótica, Alfredo! Seu texto é um abraço de sensibilidade nas manhãs rotineiras

Anônimo disse...

Seu texto é uma verdadeira pintura literária onde objetos inanimados ganham alma e protagonismo. Meus parabéns

Anônimo disse...

Se o seu texto fosse uma peça teatral, eu já estaria na plateia, com uma caneca meio cheia de café com leite e um olhar novo para sua mesma janela, de inspiração, Bravo meu grande amigo Alfredo Guilherme

Anônimo disse...

Você tornou o cotidiano em espetáculo e com direito a crítica social: o celular como antagonista da poesia. 👏👏👏👏👏👏👍

Anônimo disse...

Massa demais esse texto brincadeira em amigo me empresta um pouco dessa inspiração gostei demais do texto.