domingo, 20 de julho de 2025

Fome de você…

 


       Acordei faminto…
     Não por café, nem por pão quente.
     Com a luz entrando pela janela no seu travesseiro amassado, percebi que era desejo em jejum, carência de você, que apertou o meu peito antes mesmo do despertador.

     E foi essa memória quente, crua que me serviu saudade no café da manhã.

     Minha boca queria seus desabafos matinais, seus olhos ainda meio sonâmbulos, sua pele com cheiro de ontem, e aquele silêncio no abraço apertado de bom dia.

    Acordei com fome de você, amor. 
    Dos seus desejos mais íntimos.
    Queria novamente saborear teus segredos, lamber teus silêncios, morder tuas saudades, como quem implora… Se pertencer.

     Acordei… querendo devorar a lembrança do seu riso nu, dos nossos corpos sem pressa.
     Do rastro do teu perfume no lençol, do seu jeito distraído.
     Do nosso suor que a gente confundia com poesia.

     Senti falta até do seu incômodo…
     Da tua mania de mudar de lado, dos pés frios grudando nos meus, do seu suspiro profundo dormindo ao meu lado.

     Hoje, minha fome é memória, meu apetite é a sua ausência.
     Meu corpo não esquece os caminhos de sedução do seu corpo, na minha cama.

     E mesmo sozinho, me deitei de novo no espaço onde você se deita, tentando  saborear, em pensamentos, aquele último beijo que você me deu… Em uma despedida com retorno marcado.


     Por Alfredo Guilherme 




11 comentários:

Anônimo disse...

Esse texto pulsa como um peito ofegante de saudade.

Anônimo disse...

Caro amigo cada frase é uma colherada de lembrança quente, dessas que a gente prova com os olhos fechados. Muito bom texto

Anônimo disse...

Esse texto é o retrato exato do que é ter saudade do que foi inteiro. E mesmo na ausência, ainda querer saborear o que restou uma memória quente, um beijo que ainda ecoa, e uma esperança teimosa de que o retorno seja mais doce do que a despedida. Me emocionou o seu texto

Anônimo disse...

Realmente há ausências que não doem elas apertam, como fome atrasada. Já passei por momentos assim. Belo texto

Anônimo disse...

👏👏👏👏👏👏👏👏

Anônimo disse...

Mais uma vez você trouxe um texto sensível, intenso, quase táctil de tão emocional parabéns amigo

Anônimo disse...

Parabéns assim eu estou com saudades de, momentos vividos com alguém muito especial!!

Anônimo disse...

É um texto que não precisa gritar para doer, ele sussurra, e por isso mesmo nos atravessa.

Anônimo disse...

Ótimo texto... toca fundo. Fala de saudade com a fome de quem não esqueceu o gosto de ser amado.

Anônimo disse...

Há uma coragem bonita em desejar até os incômodos do outro isso é amar com maturidade.

Anônimo disse...

O final, então, é arrebatador, a cena do personagem deitando-se no espaço vazio, saboreando um beijo de despedida como quem tenta adoçar a ausência… Grande amigo vc não é fácil não toca fundo na gente parabéns.