quarta-feira, 9 de julho de 2025

Crônica : Quando o amor se veste de perfume...

 


    Há noites em que o amor se veste de perfume e o desejo escapa pelos nossos poros… não por corpos vazios, mas pela presença do corpo amado.

     Nesses momentos, a nossa pele transcende sua própria natureza. Deixa de ser limite e se torna, um mapa desenhado por anseios, marcado pela sedução. Com o corpo, faminto, buscamos aquele que sabemos que não mente no toque, que nos ame, que fale sem palavras. Que seja então simplesmente...  "Esquecer o mundo por algumas horas."

     E acontece essa dança crua e delicada, onde  amantes se encontram como velhas memórias. Se reconhecem na urgência do momento. Não perguntam o quanto se desejam, perguntam com a boca, com o toque das mãos, e com os olhos cerrados.

     Então, nos bebemos. Com sede. Com fome. Com aquela intensidade de quem imagina que talvez tenha apenas esta noite para ser tudo o que desejamos. Há uma beleza nisso na vulnerabilidade de assumir que, por trás do desejo, existe uma alma sedenta de conexão. O amor é, por essência, uma experiência efêmera e eterna ao mesmo tempo.

     Não há espaço para pudor ou receios na entrega. Sabemos que o corpo também ama, também chora, também pede abrigo, ainda que disfarçado de luxúria. E o prazer, quando vivido em sua totalidade, não é apenas físico... é uma prece pagã, murmurada entre gemidos e sorrisos ofegantes.

     Depois, o mundo pode voltar a girar. Os lençóis podem esfriar. Mas por um instante breve e absoluto, dois corpos se tornaram lar, refúgio e alimento um do outro. 

     Porque o amor não é só aquele que permanece... é também aquele que nos atravessa como um raio, que nos acende, sem jamais permitir que a paixão se apague.


      Por Alfredo Guilherme



6 comentários:

Anônimo disse...

👏👏👏👏👏👏 fantástico

Anônimo disse...

💝👏💝

Anônimo disse...

Que texto visceral e poético, Alfredo. Sua escrita mergulha fundo na alma da paixão, com uma densidade que encanta e inquieta ao mesmo tempo.

Anônimo disse...

Meu amigo... A forma como você descreve o corpo como mapa, sede, prece pagã… tudo isso carrega um lirismo arrebatador, onde o sagrado e o profano se fundem em um só momento de entrega.

Anônimo disse...

Eu amo a poesia, você conseguiu transformar o instante íntimo em uma experiência universal. Quem lê, não apenas compreende sente. Bravo!

Anônimo disse...

E essa ideia de que o amor não se mede só pela duração, mas pela intensidade com que nos atravessa… é profundamente verdadeira.