sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Crônica poética — “Um Brinde à Liberdade com Gelo e Ginga”

 


       Que tal dar um susto na pobreza?

     Colocar um terno emprestado, fazer cara de quem entende de ações e falar “on the rocks” com sotaque do subúrbio. Entrar num bar chique de Manhattan, pedir um uísque caro como quem pede água da bica, e brindar à ancestralidade com olhos que nunca se curvaram ao dólar.

     Mas, quer saber?

     A gente prefere mesmo é torcer pelo time de coração e brindar mesmo é em Copacabana.
     De chinelo, de samba, com o sol lambendo os ombros e o garçom ranzinza dizendo que não tem fiado, mas tem afeto.

     Porque a gente já entendeu que luxo mesmo é rir com todos os dentes, mesmo quando a geladeira faz eco.
     É brindar com vinho nacional de uva brasileira e suor de trabalhador.
     É fazer do bar da esquina o nosso Madison Square Garden emocional.

     Podíamos querer tudo importado, mas a verdade é que a gente gosta é de fazer do improviso uma arte, e da mesa de plástico do quiosque um banquete com vista pro mar.

     O Brasil tem suas dores, suas fomes, seus buracos...
     Mas tem também um jeito insolente de existir, de não pedir licença pra ser alegre, de resistir com batuque, beijo de língua e frase de efeito, contra falsos patriotas brasileiros, que usaram bone vermelho com essa frase... Make America Great Again…ainda bem que o nosso pais não precisa disso ele já nasceu grande.

     Não precisamos de aprovação estrangeira.
     Não precisamos de permissão pra brindar com o que nos pertence, nossa terra, nossa fala, nossa maneira torta e maravilhosa de ser povo.

     Se for pra dar susto na pobreza, que seja com risada escandalosa, com beijo roubado num boteco e um brinde feito com copo de requeijão.

     Porque somos esse Brasil brasileiro... Um lugar de democracia… Com muito orgulho, com muito amor, e uma tremenda preguiça de fingir que queremos ser qualquer coisa além de nós mesmos.

     Tim- Tim… Saúde.


     Por Alfredo Guilherme 



7 comentários:

Anônimo disse...

Espetacular seu texto 👏👏👏👏👏👏

Anônimo disse...

Aqui é Brasil porra !!! Foda se a direita foda se o presidente americano kkkkk

Anônimo disse...

Bravo, Alfredo.
Esse é o tipo de texto que merece virar faixa em manifestação, estampa de camiseta ou trilha sonora de um país que, entre tropeços e epifanias, ainda dança.

Anônimo disse...

Esse texto é um brinde poético à dignidade de ser brasileiro sem pedir desculpas. Caro amigo vc mandou bem….

Anônimo disse...

. Amo meu pais.O luxo aqui é a liberdade de rir, de amar, de resistir com samba no pé e afeto no peito. Viva a soberania do Brasil.

Anônimo disse...

🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷 E a crítica melhor que já vi aos “falsos patriotas de boné vermelho” revela a lucidez de quem sabe que o Brasil não precisa ser grande de novo porque sempre foi, apesar das tentativas constantes de apequená-lo.

Anônimo disse...

A pobreza pode até rondar, mas quem tem afeto, irreverência e memória coletiva nunca está sozinho. E brindar com copo de requeijão é, sim, um ato de resistência afetiva. Parabéns pelo seu texto