Era uma noite típica para Carlos, o entregador de pizza mais rápido e dedicado da cidade. Com sua Vespa motorizada roncando pelas ruas, ele era conhecido por fazer entregas rápidas e, às vezes, surpreendentemente estranhas. Mas nada poderia prepará-lo para o que estava prestes a acontecer.
Chegando ao endereço indicado, Carlos se deparou com um prédio antigo, quase místico, no centro da cidade. Ele conferiu o pedido novamente. "Pizza Família, meia calabresa, meia quatro queijos." Normalmente, isso não levantaria nenhuma suspeita, mas o nome no pedido chamou sua atenção: Leonardo da Vinci. "Porra mano, será algum artista excêntrico?", pensou ele.
Ao subir as escadas de madeira rangendo, Carlos sentiu um frio na espinha. O lugar parecia ter parado no tempo, com paredes adornadas por tapeçarias antigas e um silêncio quase religioso. Finalmente, chegou à porta indicada e, ao bater, foi recebido por um homem de vestes longas e barba espessa. "Boa noite, sou o Leonardo, obrigado por trazer a pizza," disse o homem, com um sotaque italiano bem carregado.
Carlos meio que sem entender a parada pitoresca que estava se desenrolando na sua frente, entregou a pizza, mas sua curiosidade foi irresistível. Espiou por cima do ombro do homem e viu uma cena que o deixou boquiaberto, a famosa pintura da Última Ceia, mas de um jeito que ele nunca tinha visto ou poderia ele imaginar. Ali estavam Jesus e os apóstolos, todos sentados ao redor da mesa, mas em vez de pão e vinho, a mesa estava repleta de caixas de pizza!
"Ah, parece que você notou a nossa refeição especial," disse Leonardo, com um sorriso. "Estamos tentando algo diferente hoje."
Jesus, no centro da mesa, pegou uma fatia de pizza quatro queijos e ergueu-a. "Tomai e comei, esta é a verdadeira massa que vos alimentará," disse ele, com um brilho maroto nos olhos. Os apóstolos riram e começaram a se servir, transformando aquela cena sagrada em algo quase festivo.
Carlos não conseguiu conter a emoção e de soltar uma gostosa gargalhada. Ante de perguntar "Então, é assim que vocês celebram por aqui?"
Pedro, com um pedaço de calabresa na mão, respondeu: "Depois de dois mil anos, um pouco de variedade não faz mal a ninguém. E, honestamente, essa pizza é divina!"
Judas, já com duas fatias no prato, olhou para Carlos e disse: "Hoje não precisa se preocupar com traições, deixamos isso para o jogador do Flamengo “Gabigol” que vestiu o manto sagrado a camisa do Corinthians e perdeu a sua número 10 no clube, e nós aqui só estamos pela pizza!"
Aquela era uma visão surreal que deixou Carlos com uma sensação de leveza e felicidade. "Bem, se precisarem de mais alguma coisa, estou à disposição. Quem diria que entregar pizza poderia ser uma experiência tão... Celestial?"
Leonardo da Vinci pagou pela pizza e acrescentou uma generosa gorjeta. "Grazie, meu amigo. E lembre-se, meu jovem a criatividade e a inovação são sempre bem-vindas, até nas coisas mais simples da vida."
Ao sair, Carlos não conseguia parar de rir e refletir sobre o que acabara de presenciar. Em sua moto, a caminho da próxima entrega, pensou: "Se todos os trabalhos tivessem momentos assim, o mundo seria um lugar muito mais divertido."
E, enquanto ele se afastava, ainda podia ouvir o eco das risadas e a imagem dos apóstolos comendo pizza ficaram gravados em sua mente. Naquela noite, Carlos fez mais do que entregar uma pizza, ele entregou um pouco de alegria e deixou um pedaço de sua rotina entrelaçado com a eternidade.
Por Alfredo Guilherme