sábado, 21 de dezembro de 2024

Um conto contado : Um Azul Chamado Reforço…

     


      Na praça ao lado da represa, no bairro, onde as árvores faziam sombra sobre os bancos gastos pelo tempo, dois casais da velha guarda, com muitas histórias para contar, conversavam com a intimidade de quem já compartilhavam histórias há anos, algumas até antes de tirarem os bondes de circulação e deixarem por anos os trilhos pelas avenidas à fora.       

      Entre risadas e xícaras de café trazidas em garrafinhas térmicas, o assunto daquela tarde tomou um rumo inesperado, tudo porque a curiosidade feminina tem horas que fica aguçada, principalmente a da esposa do João, uma senhora muito extrovertida e sarrista, jogou no ar a pergunta que não quer calar ? Quem ali dos homens, usava o único comprimido no mundo, que é guardado, escondido a sete chaves pelos usuários, o pequeno comprimido azulzinho, (Viagra).

      - Ah, Luiz, confessa! Você já experimentou, não é?… Provocou dona Célia, lançando um olhar divertido para o marido da sua amiga Rita.

     Luiz, um senhor de bigode bem cuidado, vestindo uma camisa polo impecável, aquela do Jacarezinho, e original, diga-se de passagem, educadíssimo, olhou nos olhos dela e sem dizer que aquela bolsa que se formou por falta de colágeno, abaixo dos olhos dela, estava deixando seu rosto com uma aparência mais velha, e sem perder a compostura, respondeu…

      - Bem, Célia, dizem que a vida começa aos 60... E um empurrãozinho, nunca é demais!..  Respondeu, arrancando risadas de todos.

      Dona Rita, esposa do Luiz mais reservada, concordou, apertando a mão dele com carinho.

      - É verdade, minha velha amiga Célia, o remédio ajuda, mas o que faz mesmo a diferença é o que temos aqui, disse ele, apontando para o peito.

      Os quatro riram juntos, lembrando que o segredo de uma vida a dois, mesmo depois de décadas, estava na conexão do amor, para manter viva a chama do desejo sexual.

      João, com sua calma habitual, olhou para sua esposa Célia, que ajeitava os óculos e perguntou... 

      - Você sabia, mulheres também ficam broxas nas mudanças hormonais, aí e quando ficam querendo preliminares mais prolongadas, já é um sinal preocupante, e um comprimido azulzinho não deixa a peteca cair.

    Clélia arregalou os olhos e disse... 

     - João, meu amado esposo, acho que essa foi uma indireta para mim, ou não foi?… Aí foi a vez do Luiz iniciar uma gostosa gargalhada antes dos outros…

     Enquanto o sol começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e rosa, os casais permaneceram ali, embalados por outras confortáveis conversas. Não era mais sobre o Viagra ou sobre piadas nada discretas que eles costumavam contar para animar as tardes, era sobre o que o tempo havia ensinado a eles, que amor e o desejo, mesmo com o passar dos anos, encontram formas novas e inesperadas de solidificar a união.

      Luiz, desta vez foi quem apertou a mão da Rita, como se quisesse reafirmar um pacto invisível. Célia, com seu tique nervoso piscou os olhos várias vezes e ajeitou os óculos, lançando um olhar cheio de ternura para o João.

      A praça, com sua tranquilidade, parecia testemunhar um tipo de amor que não se apaga, apenas amadurece.

      Quando finalmente se levantaram para ir embora, o céu já estava tingido de azul-escuro, e as estrelas começavam a brilhar. João, com um sorriso, virou para o Luiz dizendo…

      - Amigo, o Viagra é só um detalhe, eu vi uma reportagem outro dia dizendo que os jovens usam mais que os idosos o Viagra, para impressionar as novas conquistas amorosas. E por outro lado, o que nos mantém vivos é o amor e o companheirismo de décadas, e esses momentos de descontração aqui, disse, gesticulando para o grupo reunido.

      E assim, rindo e trocando provocações carinhosas, eles desapareceram pelas ruas do bairro, deixando no ar a lição de que, mesmo na velhice, o amor pode ser uma força tão vibrante quanto o nascer do sol.

       

          Por Alfredo Guilherme





10 comentários:

Anônimo disse...

Simplesmente hilário e real kkkkkkkk

Anônimo disse...

👏👏👏👏👏 adorei

Anônimo disse...

Muito bom mesmo esse conto 👏👏👏👏

Anônimo disse...

👏👏👏👏👏

Anônimo disse...

O amor depois de décadas vale tudo, a união dos casais nesta fase da vida é maravilhoso de se ver ….

Anônimo disse...

A pressão de performance” na velhice. é foda…a ideia de usar Viagra e ao mesmo tempo é uma questão de orgulho. Esse tema é muito bom mesmo parabéns!!!!👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽

Anônimo disse...

Ainda bem que existe o azuzinho!!!

Anônimo disse...

O azulzinho pode até dar mais segurança mais o que prevalece mesmo é o Amor , só ele faz o momento Maravilhoso, Parabéns mais uma vez um conto muito doce e coisas da vida

Anônimo disse...

Barbaridade... os idosos estão com a corda toda kkkk

Anônimo disse...

Meu sonho é viver até essa idade e viver tudo isso com a minha esposa parabéns pelo texto