Dizem que os olhos, ao fecharem,
Guardam a alma do sofrer
Que ao não ver, não sentem a dor
De tudo aquilo que não puderam ver.
Mas será verdade essa crença antiga
Que ao ignorar, se protege a emoção?
Ou é apenas uma fuga fugaz
Um autoengano do próprio coração?
O amor que se oculta nas sombras
A traição que se esconde no escuro
Ainda ecoam nos cantos da mente
Deixando o peito inseguro.
As injustiças que a vista desvia
A pobreza que se finge não ver
Persistem, mesmo na cegueira
E no peito continuam a bater.
Pois o coração é sábio, sente além da visão
Capta a dor no silêncio, e o não dito
Percebe o que se esconde na ilusão
E carrega o peso do conflito.
Não adianta fechar os olhos
O que não se vê, não deixa de existir
Melhor encarar a verdade, permitir
Que a cura venha ao insistir.
O que os olhos não veem, o coração ainda sente
Pois é no invisível que mora a verdade
A coragem de ver e sentir plenamente
É o caminho para a real liberdade.
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Papo casual...
Que frase mais antiga essa né, e o pior sem a mínima noção da verdadeira realidade". O que os olhos não veem, o coração não sente"? Pois é, né? Parece até um mantra de autoajuda para quem quer viver na ignorância. Com respostas tipo, "Ah, não vi, então não tô nem aí!". "Que se dane" "Ou a tradicional os olhos não veem, o coração não sente". Mas será que funciona mesmo?
Eu sempre fico pensando nisso. Imagina só, você está no sofá de casa, tranquilão, comendo uma pipoca e assistindo sua série favorita. De repente, você ouve um barulho estranho na cozinha. O seu cãozinho adorado acaba de devorar o seu bife de picanha, que estava descongelando em cima da pia. Aí você pensa: "Ah, o que os olhos não veem, o coração não sente". E continua assistindo a série.
Duas horas depois, você vai na cozinha e descobre que aconteceu, era seu cão se fartando na sua picanha ! Aí o coração sente, né? Sente tanto que você quase tem um infarto!, e o seu cãozinho no chão olhando para você piscando os olhinhos balançando a bundinha e o rabinho querendo dizer "Tem mais um bifinho ?".
E quando é relacionamento, então? Imagina o casal. O cara sai com os amigos e apronta uma ida rapidinha em um motel. Ele pensa... "Se minha mulher não souber, tá tudo bem. O que os olhos não veem, o coração não sente." Aí ele chega em casa, com aquele cheiro de perfume barato da outra, e a mulher pergunta: "Que cheiro é esse?". E ele: "Ah, amor, agora é obrigatório usar aromatizador de ambientes em todos os carros do Uber."
Mas a mulher é esperta, que só né? Ela tem aquele sexto sentido. Porque, na verdade, o coração sente sim! Ela não viu nada, mas já tá sentindo a testa coçar, acusando que algo está errado. E aí, meu amigo, o bicho pega!, e você vai ter como instrumento de prazer a sua mão por um bom tempo.
Outro exemplo do, "O que os olhos não veem, o coração não sente", você tá dirigindo vê uma blitz de longe. Aí você pensa... "Puta merda !!, meu licenciamento está atrasado", você tenta fazer um retorno rapidinho, mas não consegue. Minutos depois, você tá no acostamento, sendo parado por um policial com uma carinha simpática mais que vai te ferrar. Parece que o coração vai sair pela boca! Porque o coração sente, sim!
E na vida real... Quantas vezes a gente fecha os olhos para os problemas? Pensa..."Ah, se eu não ver a conta de luz, ela não existe". Aí chega o corte da energia e o coração sente quando você tá lá, no escuro, procurando uma vela. A verdade é que, por mais que a gente tente ignorar, os problemas não desaparecem.
E para finalizar, tem aquelas pessoas que ignoram os próprios sentimentos. A pessoa tá mal, deprimida, mas pensa: "Ah, vou ignorar isso e seguir em frente". Aí o coração vai acumulando tudo, e um dia... BUM!!!!. O coração explode, e você tá lá, no divã do terapeuta, falando sobre como ignorar seus sentimentos que te levou a uma crise existencial!
Portanto, “O que os olhos não veem, o coração não sente” é uma frase que merece reflexão. Talvez seja um consolo momentâneo, uma tentativa de evitar o confronto com a realidade. Mas é apenas uma ilusão. O coração, sábio e profundo, sente tudo. Afinal, é só encarando a realidade de frente que podemos curar as feridas e encontrar uma paz verdadeira, não baseada na ignorância, mas na coragem de ver e sentir tudo o que a vida tem a oferecer.
Por Alfredo Guilherme