Quando o ”Amor Chega Depois”…
Você já teve uma história?
Subiu ao altar entre promessas e flores, fez juras de eternidade com o coração cheio de amor e os olhos brilhando. E cá entre nós… aliviada por sair dos desejos contidos, chegar pro finalmente… devidamente autorizada…
Talvez teve filhos, talvez silêncios.
E talvez até uma dor que mora ali, quietinha… num canto da memória que só você conhece.
E então… alguém chega depois. Não pra substituir o que foi.
Nem pra competir com o que marcou a sua vida. Ele chega devagar, na maciota.
Como quem entra num templo sagrado, respeitando cada vela apagada, mas com vontade de acender uma nova luz.
Amar alguém depois dos 60, 70… mesmo ele não começado, como antigamente num assobio atrevido de fiu-fiu, esquina, nem num flerte no baile de formatura... Ou receber flores com um pedido de namoro, depois de você passar por alguém na paquera na praça em um “footing”exalando o seu perfume atemporal, Chanel No 5.
Infelizmente teve também o atalho do horror, com casamentos arranjados, ou casar pra fugir da tirania dos pais.
E… Hoje, é comum, o amor chegar por mensagem, com um "match" tímido e uma foto de perfil cuidadosamente escolhida.
Os tempos mudaram… mas o amor?
O amor, se bem-vindo, permanece.
É nesse depois que mora a delicadeza. O corpo já tem memória de outros corpos, a pele já conhece as linguagens do afeto, e do sexo, e o coração, mesmo com receios, ainda quer aprender a batucar diferente. Sem a regência de familiares que acham que a idade impede o raciocínio logico.
E então você se permite. Desejar com leveza, sem precisar provar nada.
Sentir sem performance. Beijar sem pressa, se entregar por inteira.
Entender que a libido, agora, floresce com afeto mútuo e com aquela paciência bonita de quem sabe que tudo que é bom… tem que ser vivido intensamente.
Não se promete fogos de artifício todos os dias. Mas se oferece em abraços que não temem o tempo, e silêncios que aconchegam mais que palavras.
Se um dia a saudade de um amor antigo visitar você, tudo bem.
Esse novo alguém vai segurar sua mão, e escrever, junto, um novo capítulo, com menos urgência e mais poesia.
Porque se o seu corpo ainda quiser dançar, mesmo que mais devagar, você vai encontrar com esse alguém, a música certa, respeitando cada passo de 2 pra cá e um pra lá.
Porque amar, depois de tanto, é saber que o amor não precisa mais correr. Só precisa ser o mais intenso que o esperado .
E quando for... vai ser com tesão manso, até atingir o ápice do afeto sincero e ternura sem data de validade.
Por Alfredo Guilherme
9 comentários:
Que texto encantador, Alfredo. "Quando o Amor Chega Depois" é uma ode à maturidade emocional, à beleza de recomeços tardios e ao afeto que se renova sem precisar de alarde.
Amar depois dos 60, 70, é uma libertação dos papéis impostos. É beijar sem pressa, desejar sem culpa, viver o encontro com dignidade e entrega. adorei seu texto caro amigo ...
O passado não precisa ser esquecido, mas pode ser acarinhado enquanto o futuro é construído com suavidade.
A ideia de alguém que chega "devagar, na maciota", respeitando cada vela apagada, é de uma poesia tocante. você me emocionou com esse tema estou vivendo um amor novo as 67 anos obrigado por essa luz que vc deu na minha vida caro escritor .
kkkk recebi um 'fiu-fiu na porta de um bar falei poucas e boas para o cidadão kkkk hoje sou casada a mais de 40 anos uma união feliz.
Alfredo vc é hilário e poético ao mesmo tempo, seu texto tem alma. Ele toca um lugar íntimo e profundo onde o amor não é mais uma corrida contra o tempo, mas uma dança serena com a vida.muito bom o seu texto meu grande amigo.
O amor só precisa ser o mais intenso que o esperado. Isso transcende idade. É uma verdade universal sobre os afetos sinceros.
Te texto gostoso, o amor pode chegar depois e ainda assim ser o mais bonito.
Parabéns mais um grande texto com tom reflexivo, maduro e acolhedor, no estilo que você costuma imprimir nas suas palavras:
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