No
dia 18 de fevereiro de 1949 os estivadores do porto de Salvador, estavam
sentados ao pé de uma mangueira perto da sede da entidade (Sindicato dos
Estivadores), preocupados com a falta de trabalho nos portos e a política de
arrocho salarial, gerada pela crise do pós-guerra. Inconformados com a
impossibilidade de o bloco carnavalesco “Comendo Coentro” desfilar, Durval
Marques da Silva, conhecido como “Vavá Madeira”, sugeriu a ideia de colocar um
bloco na rua.
A
sugestão foi logo aceita entre os vários colegas da estiva como Hermes
Agostinho dos Santos, o Soldado, Manoel José dos Santos, Guarda-Sol, Almir
Passos Fialho, o Mica, e muitos outros que participaram da fundação do bloco
Filhos de Gandhy. No primeiro dia, saíram apenas 36 participantes apesar de ter
mais de 100 inscritos. Ninguém podia imaginar o que a polícia iria fazer, pois
o sindicato estava sob intervenção governamental.
O
afoxé Filhos de Gandhy, tornou-se o maior e dito o mais belo Afoxé do Carnaval
da Bahia, em Salvador.
Constituído exclusivamente por homens e inspirado nos princípios de não violência e paz de Mahatma Gandhi, o bloco traz a tradição da religião africana ritmada pelo agogô nos seus cânticos de ijexá na língua Iorubá. Utilizaram lençóis e toalhas brancas como fantasia, para simbolizar as vestes indianas.
Tornou-se o mais famoso e o maior dos Afoxés da Bahia, que conta com aproximadamente 10.000 integrantes.
Tradicionalmente a 'fantasia' contém, além do turbante e das vestimentas, um perfume de alfazema e colares azul e branco. Os colares já são conhecidos tradicionalmente por "colar dos filhos de Ghandy", que são oferecidos para os admiradores como forma de desejar-lhes paz durante o carnaval e ao longo do ano.
As
cores dos colares são um referencial de paz e o afoxé enfoca Oxalá, que é o
Orixá maior. O branco e o azul intercalados é o fio-de-contas do Oxalá menino,
o Oxaguiam, que correspondem: o branco a Oxalufon seu pai e o azul a Ogum de
quem é inseparável; as contas são amuletos da sorte. E cada um usa de acordo
com a indumentária, da maneira que se achar elegante, não existe quantidade
fixa de contas para cada colar, nem quantos colares se deve usar.
Por Alfredo Guilherme