terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Salve Salve os Filhos de Gandhy....


No dia 18 de fevereiro de 1949 os estivadores do porto de Salvador, estavam sentados ao pé de uma mangueira perto da sede da entidade (Sindicato dos Estivadores), preocupados com a falta de trabalho nos portos e a política de arrocho salarial, gerada pela crise do pós-guerra. Inconformados com a impossibilidade de o bloco carnavalesco “Comendo Coentro” desfilar, Durval Marques da Silva, conhecido como “Vavá Madeira”, sugeriu a ideia de colocar um bloco na rua.

A sugestão foi logo aceita entre os vários colegas da estiva como Hermes Agostinho dos Santos, o Soldado, Manoel José dos Santos, Guarda-Sol, Almir Passos Fialho, o Mica, e muitos outros que participaram da fundação do bloco Filhos de Gandhy. No primeiro dia, saíram apenas 36 participantes apesar de ter mais de 100 inscritos. Ninguém podia imaginar o que a polícia iria fazer, pois o sindicato estava sob intervenção governamental.

         Para evitar represálias, o fundador Almir Fialho deu a ideia para mudar a grafia do nome Gandi, inserindo as letras “dh” e trocou o “i” por “y”, ficando Gandhy.





   O afoxé Filhos de Gandhy, tornou-se o maior e dito o mais belo Afoxé do Carnaval da Bahia, em Salvador.

            Constituído exclusivamente por homens e inspirado nos princípios de não violência e paz de Mahatma Gandhi, o bloco traz a tradição da religião africana ritmada pelo agogô nos seus cânticos de ijexá na língua Iorubá. Utilizaram lençóis e toalhas brancas como fantasia, para simbolizar as vestes indianas.

            Tornou-se o mais famoso e o maior dos Afoxés da Bahia, que conta com aproximadamente 10.000 integrantes.

          Tradicionalmente a 'fantasia' contém, além do turbante e das vestimentas, um perfume de alfazema e colares azul e branco. Os colares já são conhecidos tradicionalmente por "colar dos filhos de Ghandy", que são oferecidos para os admiradores como forma de desejar-lhes paz durante o carnaval e ao longo do ano.

As cores dos colares são um referencial de paz e o afoxé enfoca Oxalá, que é o Orixá maior. O branco e o azul intercalados é o fio-de-contas do Oxalá menino, o Oxaguiam, que correspondem: o branco a Oxalufon seu pai e o azul a Ogum de quem é inseparável; as contas são amuletos da sorte. E cada um usa de acordo com a indumentária, da maneira que se achar elegante, não existe quantidade fixa de contas para cada colar, nem quantos colares se deve usar.

Por Alfredo Guilherme