sábado, 25 de janeiro de 2025

Um conto contado : Amara…

 

      Amara, uma jovem mulher afro-brasileira de 28 anos, nascida em Salvador, Bahia. Era uma artista plástica talentosa, conhecida por suas obras que celebravam a cultura africana, e a sua beleza. Mas sua história mais desafiadora não estava em suas telas, e sim em seu coração aflito por esse amor.

     Amara conheceu Lucas, um engenheiro loiro de olhos claros, em uma exposição de arte no Rio de Janeiro. O ambiente estava repleto de cores vibrantes e obras cativantes, mas foi uma pintura específica que prendeu a atenção de Lucas. Um retrato majestoso de uma rainha africana em tons dourados e vibrantes. A tela emanava uma aura de poder e graça, que parecia refletir também na própria artista.

     Lucas, curioso e encantado, se aproximou para elogiá-la. - Seu trabalho é incrível, especialmente essa pintura. A rainha parece quase viva, ele disse, com os olhos brilhando de admiração.

     Amara, surpresa e lisonjeada, sorriu. - Obrigada. Essa é uma das minhas obras favoritas, representa a força e a beleza da herança africana.

     A partir desse elogio sincero, os dois começaram uma conversa envolvente, que se estendeu pela noite. Descobriram que tinham muito em comum, um amor profundo pela música, uma paixão arrebatadora pela literatura e um desejo insaciável de explorar diferentes culturas. A cada nova descoberta, sentiam-se mais conectados.

     A exposição, que antes parecia um simples evento social, transformou-se em um cenário mágico onde duas almas se encontraram. Entre sorrisos e olhares trocados, Amara e Lucas perceberam que algo especial estava acontecendo. O ambiente parecia desaparecer ao redor deles, deixando apenas a sensação de que haviam se apaixonado à primeira vista.

    Mas o amor deles enfrentaria alguns obstáculos. As famílias de ambos tinham preconceitos enraizados. A mãe de Lucas, não se sentia confortável em ter uma nora "afro-brasileira", não aceitava o relacionamento. Já a tia de Amara dizia que Lucas jamais entenderia a luta de uma mulher preta em um mundo tão desigual.

    Enfrentaram olhares de reprovação, se somando a maldosos comentários nas redes sociais. Mesmo assim, decidiram lutar juntos.

    Amara, que sempre usava a arte como forma de expressão, começou a criar quadros que refletiam sua história com Lucas. Pintava cenas de união e superação, mostrando com as cores de sua paleta, que a cor do amor era uma só. E, Lucas, por sua vez, usava sua posição no trabalho para debater questões de inclusão e diversidade.

     Um dos momentos mais marcantes foi quando Amara realizou uma exposição chamada "Amor de uma Vida", onde contou sua jornada em cada quadro exposto. Na inauguração, ela segurou a mão de Lucas e disse…

     - Este é o homem que eu escolhi amar. Não porque ele é diferente de mim, na cor da pele, mas porque ele respeita e valoriza quem eu sou.

     Aos poucos, as famílias começaram a aceitar o relacionamento. A mãe de Lucas passou a participar de reuniões organizadas pela Amara em uma ONG e acabou descobrindo, dolorosas histórias de luta do povo preto escravizado, que nunca tinha conhecido. A tia de Amara, começou a olhar ele com outros olhos, vendo nele alguém disposto a aprender e apoiar ela incondicionalmente.

     No dia do casamento, Amara usava um vestido branco com detalhes em dourado, carregava um buquê de flores silvestres e estava com os pés descalços. Lucas escolheu usar uma camisa branca com um lenço bordado por Amara no pescoço e uma calça azul. Ele também estava descalço. Juntos, caminharam pela areia da praia de Itapuã, até onde o mar beijava a areia, molhando seus pés.

     A cerimônia foi celebrada ao cair da tarde, com o sol se encontrando com o mar no horizonte. Criando um cenário mágico e romântico. A brisa suave do mar acariciava seus rostos, enquanto eles trocavam votos de amor eterno.

     Os convidados, emocionados, assistiam à cerimônia com sorrisos e lágrimas nos olhos. Cada detalhe havia sido cuidadosamente planejado para refletir a essência do casal. As flores silvestres no buquê de Amara, simbolizavam a beleza natural e a simplicidade do amor deles. O lenço bordado por ela no pescoço do Lucas representava o carinho e a dedicação que ela tinha por ele.

     Quando o sol finalmente se pôs, a cerimônia chegou ao fim, mas a celebração desse amor de estava apenas começando. Eles sabiam que, assim como o mar e a areia, estariam sempre juntos, enfrentando as marés da vida com amor e cumplicidade. 

     

       Por Alfredo Guilherme 


5 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimo conto parabéns ....

Ufd disse...

Quando o amor é verdadeiro nada pode separar duas almas que se apaixonaram um pelo outro nem a cor da pele nem idade nen distancia, nem família, cada um é dono de se próprio talvez, seja a covardia de não acreditar em se próprio e não viver o sonho de ser feliz parabéns à Amara e Lucas, que não deixou esse amor morrer, que seja para sempre felizes!!!

Anônimo disse...

Amei esse conto !!!!

Anônimo disse...

Delicia quando se pode viver um grande amor

Anônimo disse...

Seus contos são uma viagem e eu viajei nele parabéns...