sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Um conto contado: O Silêncio Depois do Vento…



     Era uma noite tranquila, e Laura estava sozinha em casa. A cama parecia maior, e o silêncio, mais profundo do que o habitual. Ela apagou as luzes, deixou a janela aberta para sentir a brisa fresca entrar e, como tantas outras vezes, permitiu-se em um momento de intimidade consigo mesma.

    No começo, havia o misto de ansiedade e entrega. A mente vagava por fantasias que ela mantinha só para si, espaços seguros onde o corpo e os desejos não pediam permissão, apenas existiam. Era um ato solitário, mas não solitário no sentido triste, era um mergulho no próprio oceano, onde as marés subiam e desciam ao seu comando.

    E então, ao atingir o clímax. A respiração acelerada deu lugar a um suspiro profundo. O corpo relaxou, como se todas as tensões acumuladas do dia tivessem sido dissolvidas naquele instante. Mas, logo depois, veio algo inesperado, um grande vazio.

    Laura fitou o teto, sentindo o contraste entre o momento de euforia e o que veio depois. Não era um sentimento de culpa, ela sabia. Não era arrependimento. Era apenas um silêncio. Um espaço que parecia pedir algo mais.

    Ela pensou em como aquele ato era, para tantas mulheres, uma atitude entre tabus e mistérios. Um momento que podia ser cercado por culpa ou, ao contrário, pela celebração de um corpo que merecia prazer. Mas ali, naquele instante, parecia haver uma pergunta não respondida,“E agora?

    Era como o vento que corre por um campo, espalha as folhas e depois se vai, deixando tudo imóvel. 

    A calma que se seguia era gostosamente, relaxante, mas também inquietante. Laura se perguntou se esse era o preço de estar conectada consigo mesma, a consciência de que havia camadas ainda mais profundas esperando ser descobertas.

    O sentimento depois da masturbação era, para ela, um mosaico de emoções. Um pouco de alívio, um pouco de solidão, mas, acima de tudo, uma vontade de entender mais sobre si mesma. E talvez fosse isso o mais importante para ela, saber que até os momentos sem um parceiro, eram cheios de nuances, como se o corpo dissesse que o prazer, no fim, é um presente merecido na espera, quem sabe, de um grande amor.


     Por Alfredo Guilherme 




7 comentários:

Anônimo disse...

Nada como assumir os nossos momentos com nós mesmas e ser feliz por viver sempre biscando um grande amor ....belo texto

Anônimo disse...

Estas são as intimidades de cada um, sempre muito válidas quando fazem bem, infelizmente não posso dizer que consigo me encontrar em momentos como este, eu só me encontro verdadeiramente lindamente e deliciosamente com o meu grande amor , meu eterno amor

Anônimo disse...

OI....também não me acho nesse ato pois nada melhor que ter alguém para amar

Anônimo disse...

Quem não em um homem para amar realmente é muito triste este ato solitário

Anônimo disse...

Cara belíssimo conto parabéns !!!!!

Anônimo disse...

Extremamente delicado seu conto muito bom

Anônimo disse...

Ótimo texto! Parabéns!
Esta intimidade não ocorre sómente na solidão... mas também na saudade de seu grande amor não estando presente.
Tanto para o homem quanto para mulher!
Acontece comigo... ainda gravo para enviar para meu amado!