Ás pessoas que decidiram pelo assassinato de
seu “eu” nas redes sociais.
Se há um
crime que compensa, e eu dou todo apoio, o crime é esse: acabe com o seu
Facebook e o WhatsApp, antes que ele acabe com você primeiro.
Muitos
tentaram me convencer usando todos os artifícios imagináveis de persuasão, mas
cá estou, resistindo firmemente a um deleite que não sei bem como explicar.
Neste exato
momento, por exemplo, o tempo que você levou para sair da última linha do
parágrafo anterior, e chegar até aqui foi o suficiente para eu sair do WhatsApp
e dar uma espiada no meu Facebook, mesmo sem estar esperando exatamente alguma
coisa de lá.
É pura
inércia, a nova física da contemporaneidade que diz que um corpo em repouso
tende a parar no Facebook ou no WhatsApp, da mesma maneira que aqueles que
estiverem em movimento, acelerado ou não, como ir ao banheiro de madrugada e
levar o celular para ver o WhatsApp e o Face.... Cacete eu conheço uma pessoa
que faz isso....
Trata-se de
algo mais forte do que nós, um impulso inconsciente que, quando nos damos
conta, nos levou a um ralo do qual, por mais que nademos, não temos
escapatória.
Pouco a
pouco nos deixamos assediar pelo próximo post, e pelo próximo, e pelo próximo,
nem sempre tão interessantes quanto o anterior. Mas quem sabe se o seguinte
seja?
Assim
cavamos a sepultura de nossos afazeres, que se diluem entre selfies, notícias
bizarras e opiniões às vezes até mais bizarras do que o noticiário. Um oceano
delas: dos visionários de plantão, do
pessoal mais libertário, descobrimos por acaso na nossa lista de amigos,
piadinhas.
Encontramos
ali nos murais azuis um espaço infinito para pendurar nossas chorumelas ao bel
prazer, alardeando nossas intimidades sem nos preocupar com a poluição da
timeline alheia.
Nós não
suportamos mais conviver com o silêncio, ou simplesmente permanecermos nele. É
preciso comentar se quisermos ser alguém no mundo. O silêncio esconde a fala, é
não nos projeta na vida.
Alguém usou
esse mesmo argumento quando justificava
para mim sobre os motivos de ter deletado a sua conta na rede social.
Pareceu-me compreensível, embora não muito razoável para mim.
É claro que
nem tudo na vida virtual será um mar de rosas, tendo a gente de lidar com
bizarrices de primeira, segunda, ou terceira classe.
Mas as
barbáries têm seus autores, um dia escolhidos por nós, para integrar um rol de
amigos que teoricamente deveria ter passado pelos crivos de nossa decisão:
aceitou ou não a solicitação de amizade?
Se sim, não podemos nos esquecer que
estamos assumindo ali as consequências embutidas a qualquer nova amizade
agregada ao Facebook, dentre as quais tolerar spams, músicas ruins contaminando
sua timeline, mensagens de autoajuda, fotos mau tiradas em frente a espelhos
fazendo biquinho, foto do prato de cada refeição que o cidadão faz.
Arrependimentos
existem invariavelmente, mas não que isso deva se desdobrar em condutas tão
radicais como o próprio suicídio no Facebook, Twitter, Whatapp, ou qualquer
outra rede de convívio social.
Pode ser que só uma faxina resolva. Basta
bloquear os impertinentes, varrer os maletas, despoluir as linhas de sua vida
virtual.
São apenas
conselhos. Não quero, com isso, ser o chato da vez.
Também respeito sua cisma em ouvir sugestões
de um viciado confesso feito eu.
É como tentar se curar do alcoolismo na mesa
de um bar.
Mas calma,
pera lá, não suma assim.
Digo sem
saber se um dia me irritei com você, ou se o contrário.
Se
aconteceu, peço perdão. Me bloqueie. Me exclua da sua lista de amigos. Me odeie
em silêncio.
Da minha parte, prometo postar menos e observar
o mundo do meu canto, quietinho, quietinho... também.