MENINA MULHER
DA PELE PRETA... É guerreira neste país...
Só existe uma
coisa mais desafiadora do que ser negro no Brasil: E ser negra.
Além do
racismo, mais de 50 milhões de brasileiras negras ainda enfrentam o machismo.
Se às vezes a subjetividade torna difícil apontar atitudes racistas ou
machistas, as estatísticas revelam facilmente suas consequências.
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A mortalidade
materna de mulheres negras está 65% (você leu certo, sessenta e cinco por
cento) acima da de mulheres brancas, por conta da diferença na qualidade do
tratamento recebido no sistema de saúde, conforme a Pesquisa Nacional de
Demografia e Saúde.
Resumindo,
mulheres negras têm mais obstáculos a transpor do que homens negros, por sua vez,
mais do que os brancos.
Já mulheres
negras negras costumam nascer diante de um Himalaia de desigualdades históricas.
Daí a
homenagem de Mano Brown à dona Ana e a todas as mães solteiras de um promissor
vagabundo, em “Negro drama”. Mulheres que preferem seguir em frente a se
vitimizarem.
Nada como um
dia após o outro dia... A Lei Áurea é de 1888.
A novela Escrava Isaura, de 1976, na estrumeira dos comentaristas de internet, quando Lucélia Santos anda de
ônibus não se trata de uma das atrizes mais importantes da TV brasileira, só
enxergam a Escrava Isaura.
Em 1900,
Joaquim Nabuco, autor de O abolicionismo, lançou Minha formação, mistura de
memórias e pensamentos sobre o Brasil.
Ali, escreveu que “A escravidão
permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil, ela espalhou
por nossas vastas solidões uma grande suavidade; seu contato foi a primeira
forma que recebeu a natureza virgem do país, e foi a que ele guardou (...)
Quanto a mim, absorvi-a no leite preto que me amamentou”.
A escravidão aconteceu no Brasil, mas ela nunca foi
abolida...
É o mito de que no Brasil todas as coisas se resolvem sem
violência... Sem violência, entenda-se, sem revolta popular... Com muita violência,
mas sem revolta.
Suavidade e
violência são nossas coisas, são coisas nossas.
Jorge Ben Jor
é o alfa e o ômega... Suave e violento, Martin Luther King Jr. e Malcolm X.
Em 1974,
gravou pela primeira vez sua canção “Zumbi”, em A tábua de esmeralda.
A
cadência bonita do samba contrasta com a brutalidade do grande leilão, onde há
“uma princesa à venda que veio junto com seus súditos, acorrentados num carro
de boi”.
Em 1976,
enquanto o movimento negro ganhava força no país, ele decidiu regravar a música
no África Brasil (e a rebatizou com o mesmo nome do álbum), numa levada
funkeada e agressiva. Já começa gritando “eu quero ver o que vai acontecer quando
Zumbi chegar”, ameaçador.
Existe duas
maneiras distintas de exprimir força... Como o sorriso e o soco no ar com a mão fechada tipo Panteras Negras, americanos, e lutar contra esta descriminação que é na verdade uma vergonha nacional...
A origem da
expressão “para inglês ver” estaria nas “fingidas providências tomadas pelo
governo imperial para fazer cessar o tráfico de africanos, depois do
compromisso com a Inglaterra”, de acordo com os apontamentos de João Ribeiro
(1860-1934).
A tal democracia racial brasileira ... Quando vai acontecer...
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