sexta-feira, 24 de abril de 2015

Deve haver mais coisas...


                        Entre o céu e a terra...


Crônica vivida...

Sentado, com a mochila nas costas, olhando a lagoa.

Na cidade do Rio de Janeiro.

Lagoa... Rodrigo de Freitas.

O tempo nublado como cor de chumbo, a minutos ameaçou uma boa tempestade, mas abriu um rosado fim de tarde, eu ali  parado, olhando a lagoa, há um bom tempo.

A paisagem do Rio de Janeiro é deslumbrante, lagoa e pedras, morros de pedras, árvores centenárias.

Em muitos lugares do Rio, deve-se parar e olhar sem ter pressa.

O que é impensável numa cidade de tantos milhões de habitantes, no ritmo de uma grande cidade, com tantos milhões vivendo de pura rotina, rotina no acordar, ir trabalhar, ir estudar, ir fazer, jamais parar de pegar uma onda na praia.

 No Rio, às vezes me assusto com as inúmeras possibilidades para se olhar.

Pedras, praias, lagoas, árvores centenárias, samba e bossa nova, o Rio pra mim é bossa nova, dispenso o funk, mas curto a antiga black music.

Como paulistano, semi-turista, parei e olhei a lagoa e a linda silhueta de uma mulher.

Olhei mais ela do que a lagoa.

 Me bateu uma curiosidade maior, em o que ela está pensando?

Olhando a lagoa, e pensando, ou só olhando perdida em pensamentos?

 Nas suas costas, um engarrafamento irritante....

Um indo e vindos de zonas opostas, zonas em guerra com Caverão passando a toda...

A noite e na zona sul, mesmo assim, sem tempo a perder, perdendo tempo num engarrafamento, musicado por buzinas, arrancando, xingamentos, como selvagens sem noção de cidadania.

Mas ela continuava lá de costas, olhando a lagoa, ou pensando e olhando, ou só pensando de olhos fechados no último beijo, na paisagem que se escondia no fim da tarde, no ritmo quem sabe da bossa nova.

Se fosse eu no lugar dela, estaria lembrando, aposentandos pensamentos, apostando em um momento de felicidade.

Mas ela era uma mulher... Simplesmente pensando.

Eu costumo ter sempre um livro escondido no compartimento secreto pronto para, num momento de espera, ser sacado e lido, seja onde for...

Nunca, jamais, esperar olhando. Olhar o quê? Olhar os outros.

Tenho, também, um par de óculos escuros escondido no compartimento secreto pronto para, num momento de espera, ser sacado e usado, seja onde for, caso o livro anterior não me entusiasme.

Olhar os outros, de óculos escuros, é olhar sem que saibam que está se olhando.

Eu estava de óculos escuros, olhando aquela mulher, que olhava a lagoa.

Apostando nos meus bons pensamento, e vendo o tempo passar, e ela ali, não se movia, decidi me aproximar.

Para quem sabe falar de forma convincente o próximo passo era desvendar...

 Sentiu minha presença e me olhou.

Sorriu com um... - Oi...!!!

- No que você está pensando?", perguntei.

- Em nada...

       - Ah, e você ?

       - Só está olhando também a linda vista deste lugar, mas estava também te olhando.

       - E mesmo...? - Eu estou só parada perdida em pensamentos...

- Posso saber o seu nome...? - Sim... Respondeu... - É... 

       Com o tempo passando rápido por nós, o nosso nome foi quase esquecido, substituído varias vezes por...

       - Amor cheguei.. 

      - Já estou descendo amor...  

 Ou...

       - Amor, vem mais cedo estou com saudades... 

       - Vou sim amor, eu te amoooo...!!!!


Por: Alfredo Guilherme


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