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Respiro todo o ar em torno de mim e
pergunto-me... Onde eu estou se já não consigo estar somente em mim?
O que sou nunca me foi suficiente...
Vivo sempre
a ultrapassar sem sequer perceber que eu estou ultrapassado alguns limites...
Ansiedade em mim é a voracidade de viver.
Uma luta
contra o tempo e o espaço nessas minhas trajetórias sem fim... Passo e tenho consciência que é infinda a
parcela que recebo da vida.
Ela me foge ao longe ou então desaba me
inundando de repentes instantâneos.
Na verdade,
tudo é infinitamente maior do que eu sou capaz e por isso sempre é ontem na
minha vida.
Bato asas
desesperado e continuo faminto em minha fome de estar além, naquilo que ainda
não sou.
Vontade de comandar o tempo, dar passos
além de minhas pernas... Vencer o paulatino, ou sedimentar, queimar etapas,
pular a rotina e o método.
Já trai a mim mesmo como um amante
perdido entre tantos amores que a vida nos dá.
Erro quando me projeto e ainda me dói à
parcela de tempo que perdi sem viver como deveria.
Tenho consciência que minha existência
poderia ser muito mais significativa se eu conseguisse absorve-la, ano a ano,
uma coisa de cada vez.
Não tenho
mais tanto tempo, pela vida ela é curta, o que eu espero quem sabe que ela
possa ser mais longa, mas vai saber né... O que resta é absorver inteiros os
pedaços que me são dados.
Desespero-me
a viajar em outras vidas. Assim alastrado já que o que vou sendo não me
satisfaz... Vivo outros clarões, para além da tristeza de não ser muitos ser
apenas eu.
Ansiedade
talvez não seja um mal, embora essa consumição haja passagens que me enchem de
prazer, como se fosse o único caminho e no meu caminho.
Outra pessoas existem, com amor, suas grandezas e mesquinharias,
suas riquezas e misérias pessoais intransferíveis ainda bem... Então eu me amo
antes ansiosamente.
Só assim me
liberto da angústia, escapo da desconfiança, do orgulho e de minhas
inseguranças, passo a aceitar cada pessoa no que ela pode ser capaz de
revelar-se.
Há expectativas.
Mas de qualquer maneira...
Apesar de ser ansioso penso em
desacelerar e me tornar parte do tempo e da paisagem... Pairo solúvel no ar,
compondo, e fazendo parte da vida.
Por Alfredo Guilherme
Um comentário:
Pairar sempre...
Quebre as correntes de seu pensamento e tambem iras quebrar as correntes do teu corpo.
(Fernáo Capelo Gaivota)
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