terça-feira, 1 de setembro de 2015

Ansiedade absurda...




Um cantor que viveu intensamente cantou e afirmava ser exagerado, eu digo sempre que sou ansioso. Sim, aqui eu vou ser você... "O Ansioso"...

            Respiro todo o ar em torno de mim e pergunto-me... Onde eu estou se já não consigo estar somente em mim?

      O que sou nunca me foi suficiente...

Vivo sempre a ultrapassar sem sequer perceber que eu estou ultrapassado alguns limites... Ansiedade em mim é a voracidade de viver.

Uma luta contra o tempo e o espaço nessas minhas trajetórias sem fim...  Passo e tenho consciência que é infinda a parcela que recebo da vida.

     Ela me foge ao longe ou então desaba me inundando de repentes instantâneos.

Na verdade, tudo é infinitamente maior do que eu sou capaz e por isso sempre é ontem na minha vida.

Bato asas desesperado e continuo faminto em minha fome de estar além, naquilo que ainda não sou.

     Vontade de comandar o tempo, dar passos além de minhas pernas... Vencer o paulatino, ou sedimentar, queimar etapas, pular a rotina e o método.

      Já trai a mim mesmo como um amante perdido entre tantos amores que a vida nos dá.

      Erro quando me projeto e ainda me dói à parcela de tempo que perdi sem viver como deveria.

      Tenho consciência que minha existência poderia ser muito mais significativa se eu conseguisse absorve-la, ano a ano, uma coisa de cada vez.

Não tenho mais tanto tempo, pela vida ela é curta, o que eu espero quem sabe que ela possa ser mais longa, mas vai saber né... O que resta é absorver inteiros os pedaços que me são dados.

Desespero-me a viajar em outras vidas. Assim alastrado já que o que vou sendo não me satisfaz... Vivo outros clarões, para além da tristeza de não ser muitos ser apenas eu.
  
Ansiedade talvez não seja um mal, embora essa consumição haja passagens que me enchem de prazer, como se fosse o único caminho e no meu caminho.

     Outra pessoas existem, com amor, suas grandezas e mesquinharias, suas riquezas e misérias pessoais intransferíveis ainda bem... Então eu me amo antes  ansiosamente.
      
Só assim me liberto da angústia, escapo da desconfiança, do orgulho e de minhas inseguranças, passo a aceitar cada pessoa no que ela pode ser capaz de revelar-se.

      Há expectativas.

      Mas de qualquer maneira...

           Apesar de ser ansioso penso em desacelerar e me tornar parte do tempo e da paisagem... Pairo solúvel no ar, compondo, e fazendo parte da vida. 
   

Por Alfredo Guilherme


Um comentário:

Unknown disse...

Pairar sempre...

Quebre as correntes de seu pensamento e tambem iras quebrar as correntes do teu corpo.
(Fernáo Capelo Gaivota)