terça-feira, 13 de outubro de 2020

Oxóssi....

            

          Certo dia estava fazendo uma oferenda para Oxóssi, um orixá ecológico.

          O senhor das matas, conhecedor das trilhas... 
          Era domingo de tarde, uma rua calma numa ladeira na zona nobre de São Paulo, ao lado do Parque Trianon, na Avenida Paulista.
          O sol de primavera fazia o seu serviço entre as copas das árvores.
          Eu, no meio daquela tarde ensolarada, colocava frutas debaixo de um pé de Jequitibá, como parte do ritual.
          Era só isso que eu tinha que fazer. 

          Quando, de repente, enquanto eu cantava baixinho...    
          “Oxóssi filho de Yemanjá, divindade do clã de Ogum...” 

           Ia passando um carro... E o motorista diminuiu a velocidade parando para me observar.
           Não satisfeito, manobrou de modo brusco o carro na minha direção colocou o seu rosto pra fora da janela olhando diretamente na direção da oferenda e em mim também.  
           Não olhei para ele, da janela aberta do carro, ele me lançava um olhar ostensivo. 
           Quem me trouxe essas informações foi a minha boa visão periférica. 
           Em nenhum momento olhei diretamente para ele.
           Percebi... 
           Sua energia negativa no seu olhar que não era nada discreto. 
           Querendo me intimidar? Pensei comigo, quem seria esse filho dá mãe ?
           Eu nunca teria coragem de ter essa atitude, curiosa mas por demais desrespeitosa, com religião nenhuma.
            Já passei em frente a vários cultos, conheço muitas manifestações de fé e não me ponho diante delas para desrespeitá-las.
            Acho até bonito alguns ritos.
            Não sei se pensei isso na hora, só sei que fiquei puta da vida, naquele momento comecei a cantar e a bater palmas, e a rodar em volta das frutas.
             E a cantar em um tom de voz bem alta.

             "Corre Macumba, agora...
             Pega senhor curioso antes que ele vá embora.
             Cega o zoio dele agora.
             Corre Macumba, agora, deixa o senhor curioso broxa agora...

             Ao que o homem escutou, arregalou os olhos, partiu em disparada.
             Acho até que ele entrou na primeira agência de viagem que ele viu, para comprar uma passagem aérea para a cidade de Salvador para tirar a "orucubaca" que supostamente eu coloquei nele, na famosa igreja do Bonfim.

             E fantástico o número de pessoas que vivem entre macumbeiros, ou seja, aqueles que vão à umbanda, ao candomblé.
             Participam de rituais...
             Para salvar empregos, casamentos, doenças e tantos outros perrengues da vida.

             E depois, em grandes reuniões familiares, e nos grandes salões de festas ou sob os chapéus suntuosos nas corridas no jóquei.
             Declaram publicamente, entre os amigos de champanhe e caviar, a sua fé é nos santos católicos...
             Fala pra mim... Você não é um desses ou é...

            Que jura de pés juntos que nunca tomou um passe no Centro Espírita. 



4 comentários:

Amor disse...

Tem razão meu amigo .Hoje sigo outro caminho ,o do espiritismo.

Amor disse...

Essa linha que foi falada,é espiritualista.

Maria José Viana disse...

Desculpe, só rindo desse texto, embora é bem assim.

Dalidaki disse...

Minha linda, eu nunca fui a um centro mas respeito de mais.
Bora digam que tenho uma cigana dentro de mim
Nem sabia qdo ganhei um livrinho que trazia Sta Sara e por incrível que pareça nascemos no mesmo dia. 24 de maio.
Respeito e aceito todas as religiões
Que todos os Orixás te protejam
Bjs