Saibam vocês...
Que o botão do foda-se já foi acionado a muito tempo...
Em um cenário de contexto de complexidade de atitudes que gerou uma transformação cultural que se tornou um ícone do espírito jovem de uma geração.
Vamos voltar no tempo mais precisamente no Rio de Janeiro, na praia de Ipanema, existiu ali um píer uma obra inanimada feita de ferro e madeira, sem charme nenhum, e muito menos beleza à não ser da galera porra louca que povoava esse oásis utópico das areias da praia de Ipanema na década de 1970, cuja a frequência era contida de muita rebeldia, tudo isso remando contra a maré na pior fase política que tivemos no Brasil a porra da ditadura militar.
O píer nada mais era do que uma construção nojenta que despejava através de um emissário os dejetos dos bairros mais ricos da cidade diretamente no mar, dividindo a praia de Ipanema.
E surge ali nessa faixa de areia em redor do píer, uma espécie de republica hippie sem fronteiras, um sonho louco que durou até o ano 1975, no qual grandes ondas foram surfadas pelos melhores surfistas do pedaço.
Nesse lance tinha a cultura de grandes artistas muitos iniciando suas carreiras que se misturavam com os jovens para se bronzearem nas dunas de areia que se formou com a retirada da areia da obra que era jogada nas laterais da praia formando as tais dunas que serviam de trincheira de comportamentos livres e era capaz de esconder dos passantes da calçada e da rua o que rolava naquela parte da praia.
Um banho de mar nessa terra mágica ou seja um verdadeiro esgoto também conhecido por bostômetro ao ar livre, era o maior barato do momento, impulsionados por muita maconha, ácidos e outros combustíveis psicodélicos.
O local era conhecido como (Dunas do Barato) ou Dunas da Gal por ser ela a estrela maior da musica brasileira na época, foi o que acabou no imaginário popular batizando as dunas com o seu nome.
Desse cenário tétrico nasceu muita poesia, cultura e resistência, as ondas de qualidade trouxeram a turma do surf lá da pedra do Arpoador para o píer, os jovens mais bonitos de ambos os sexo essa privacidade trouxe também artistas que adoravam ficar chapados por justa causa na sonhada liberdade, em pouco tempo esse cenário se tornou perfeito, não havia lugar melhor para se estar que não no Píer de Ipanema.
Reza a lenda que na Duna do Desbunde... Imperava uma sadia irresponsabilidade de liberdade sexual e de expressão com uma boa dose de coragem... (Tetinhas de Fora) acabou levando um nome frescalhão de Topless, e foi nesse paraíso de calcinhas frouxas de biquínis sem conteúdo isso na sua grande maioria, mas pra equilibrar a sensualidade sempre pintava o sol, com mulatas de corpo escultural padrão Ziriguidum do Osvaldo Sargentelli que comandava o show das mulatas pelo Brasil a fora, deixando desbundadas as patricinhas da zona sul, que por sua vezes tinham também o seu quilate de sensualidade.
Diversos nomes se tornaram icônicos entre as dunas e o mar de Ipanema, como Petit surfista galã que tinha um dragão tatuado no braço, que serviu de inspiração para o Caetano Veloso compor Menino do Rio, gravado pela Baby Consuelo como era chamada na época.
Era comum avistar Gal Costa estendendo nas areias da duna a sua canga e se deitando ao sol carioca antes do show no Teatro Raquel em Copacabana, outros como Evandro Mesquita, Cazuza, Waly Salomão e seu irmão Jorge, Jards Macalé, o poeta Chacal, Rico de Souza surfista, José Wilker, Glauber Rocha, Caetano e Gil na volta do exílio e tantos outros mais.
Todos devidamente entrosados e sem fronteiras prontos para aplaudir o pôr do sol com liberdade para fazerem e consumirem o que dava um barato, lá ao contrário da música do Tim Maia valia homem com homem, mulher com mulher nessa fronteira de liberdade desbundada de Ipanema, valia tudo, o que não podia, era sair daquele local antes do pôr do sol era crime inafiançável.
A cultura carioca da década de 70 fez nascer nas areias de Ipanema uma resistência à dureza do regime militar mas também era uma maneira de relaxar diante do comprometimento irrestrito que a década anterior exigia da juventude brasileira.
Havia ali um sentido festivo e delirante em um relaxamento corporal, sexual, literário que permitia aos jovens se entregar aos desejos mais íntimos e intensos para que isso acontecesse bastava pisar na areia desse oásis da liberdade fugindo do asfalto e da mira inclemente dos milicos de plantão.
Por mais justiça a liberdade e contra a resistência no convívio com as diferenças no combate ao preconceito e a renovação que estão em pauta atualmente buscamos necessidades fundamentais para que possa haver transformações sociais urgentes, ter na nossa mente lembranças como a do píer de Ipanema, serve para sublinhar o quanto inesperadamente podem surgir transformações profundas na nossa sociedade ainda resistente a essas transformações.
As possibilidades estão sempre querendo ser surfadas na direção de um mundo mais livre, cabe a nós perceber a onda vindo e não nos deixarmos afogar...
Texto Alfredo Guilherme
2 comentários:
Realmente temos que ligar o botão do foda-se,muitas vezes, kkkkkk.Como é relaxante, não pode ter problema algum esse botão.
Só não ligo para o meu amor que acabou,ainda penso muito nele com carinho.
Lindo esse poema ,parabéns para o autor.
Época que deveria ser riscada do Brasil...
Ainda existem loucos querendo ditadura com democracia só rindo, não deve ter conhecimento dos dois sistema. Ou deve ter sido bom para eles.
Vivenciei um pouco com consciência a ditadura, o feio tomei conhecimento pela história, através da arte.
Hoje vejo tudo mais fácil para a juventude se indignar, e ela esta estagnada. Embora o país seja capitalista e estamos vivendo um momento de circo o que não dá para chorar, dá para rir. Eu prefiro acreditar que colocaram alguma coisa na água do país, como estão prevendo que iremos ficar sem água, ai quem sabe as coisas melhore.
Éh Amor, não dá para desligar de um amor que não quer morrer, então ele não acaba...
Lembrei de uma frase de uma música que diz: saudade diga a esse moço por favor
Como foi sincero o meu amor
E como o adorei tempos atrás...
Saudade, não esqueça também de dizer que é você que me faz adormecer para que eu viva em paz...
Grande, Lupicínio Rodrigues
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