Rio de Janeiro, noite
agradabilíssima neste começo de verão, bem, mas isso não é mais
novidade para os cariocas. Dizem até que em noites enluaradas, se você
tiver uns pixolés, no bolso pra gastar, e ficar em casa... Tu virás
lobisomem, o que é improvável... né...
E foi em uma destas noites
quentes de Verão… Quando o ambiente no ponto de encontro para dança de salão na
antiga Gafieira Estudantina, tudo estava musicalmente perfeito, com os casais que
romanticamente dançavam um delicioso e nostálgico bolero, ao som da famosa
Orquestra Tabajara... Aconteceu… um gaiato no salão chamou atenção de todos os
casais
A dúvida foi só…um espirro
? 😬...
Não, foi sim um, senhor espirro
!!!...
E foi escandaloso, diga-se de
passagem... Mas o que impressionou foi a pressão fora do comum das narinas do
"gaiato" de onde saiu uma grande quantidade de micro-gotículas-bacterianas... Só
mesmo comparável a uma noite de garoa, no inverno paulistano.
E não é que esse gaiato
tinha nome e RG, de boêmio profissional, Rubinho, esse é o nome da
criatura, passista da Estácio de Sá, nunca fez nada na vida a não ser dançar
pelas noites cariocas, criado no Méier, ele mesmo se gabaritou como professor
de dança de salão e acabou ficando mais conhecido do que cachaça no “metiê
boêmio carioca”.
Mas, naquela noite, com
aquele “espirro”, ele ficou famoso por escorregar literalmente na parafina. E
no bom sentido, até no, dois pra lá e um pra cá. Violando o respeitado
"Estatuto da Gafieira" no Código Etiqueta, parágrafo 5, que diz:
"Respeitar os limites com segurança de quem dança ao seu
lado". E com agravante de ignorar as recomendações das Autoridades da
Saúde, espirrar ou tossir, dançando em uma seleção musical no salão.
Não deu outra… E foi um
bafafá da porra!!!... Que desencadeou o pânico geral, no final, em poucos
minutos era saltos de sapatos quebrados, espalhados no salão, mesas fora de
lugar, garrafas, e copos e cadeiras espalhadas pelo chão, até a Mulata Babi,
Crooner da orquestra em pânico desceu escorregando com o seu avantajado bundão
pela escada de saída indo parar já na calçada do lado de fora... Imaginem a
cena... A coisa não podia ter ficado pior, mas ficou...
Tudo porque alguém
lembrou em voz alta no momento do espirro, e diante da ameaça do mortal
vírus, Ling-Ling, o Coronavírus, que na ocasião já estava
desembarcando livremente nos aeroportos brasileiros, e o safado lá em Brasília dizendo que era só uma gripinha…
Justamente naquela noite
eram na maioria idosos no salão, festejando os quase 100 anos do mais
antigo frequentador da casa Sr. Lindolfo, que deu os primeiros passos de dança
com a pioneira professora de dança de salão, a Senhora Maria Antonietta, isso
lá no final dos anos 40.
Bem, os fatos seguintes são
recorrentes com a dança…
Silvana, adora o glamour
do seu bairro, nasceu em berço de ouro e vive no bairro de Ipanema, que até
hoje ainda idolatram a Garota de Ipanema, Silvana não deixou por menos a
traição do marido Tavares, que usa uma tornozeleira eletrônica gentilmente
cedido por um órgão público de segurança, depois disso tudo começou a desmoronar
vindo à tona amantes e mais amantes uma delas ganhou com uma só trepada um
carro okm e pra completar uma viagem com ele de 20 dias na França... Porraaaa
!!!! A Silvana se embucetou... Botou o seu corpitcho bem sarado a serviço da
safadeza, e por sinal ela não sabia o que vestir neste crucial momento pois
nunca havia se vestido para trair o marido, e a ocasião não estava para rubis e
diamantes... Mas ela teve um lampejo de astúcia. Safadamente embrulhou toda a
sua gostosura em um minúsculo biquíni branco esquecendo até do adorno bovino na
cabeça que ela acabava de ganhar do safado do marido.
Depois de rebolar por mais de
quatro horas pelas areias de Copacabana, voltou frustrada para o seu
apartamento por não ter dado em nada esse passeio de paquera, mas nem tudo pode
só dar errado nessa vida, a noite ela recebeu um convite de uma amiga para
participar de um sarau de poesia na praia, e foi nessa noite que ela conheceu
um dos participantes que depois de ler uma poesia com uma voz de locutor de rádio
F.M, fixou o olhar nela deu um gostoso sorriso, sentou ao seu lado, bastou
poucos minutos de bate papo para ela se sentir atraída pela Vibe do astral do
Gustavo, os dois se equilibram em uma energia muito forte, Silvana mesmo
percebendo a diferença social entre os dois, não se deixou influenciar, estava
nascendo ali um sentimento chamado amor, que ela tanto almejava, não titubeou,
se entregou de corpo e alma e a periquita traída neste amor.
Hoje ela não quer
mais ficar de fora da receita de sexualidade feminina que ela
assumiu. Desnuda de vergonha ela nem disfarça, para as fugidinhas, ou escapadinhas estratégicas para usar todos os hormônios nessa receita sexual de imenso prazer ao lado do
Gustavo, usa desculpas já manjadas de dentista, cabeleireiro, e compras no
shopping e chá da tarde com as amigas, passa boa parte do dia trocando
mensagens amorosas com seu amado. Adora frequentar a famosa casa de samba "Cariocando" no Catete, nas noites de apresentação de artistas de primeira linha, como Selma Rios, Guacira, Cátia Maria, Dil Mendonça, Gina Teixeira, Mário e tantos outros.
E quando chega na
sexta-feira, Silvana dá um perdido total no marido, só pra dar um confere lá na
gafieira, rebolando e quebrando as cadeiras no salão… Tendo a condução na dança
das mãos firmes do Gustavo, com muita malícia, ela chega a ficar colada no
corpo quente de 1.85 de altura e de pura melanina acentuada de sedução do
Gustavo, como ele também é conhecido na ala dos passistas da Vila Isabel...
Onde lá na escola de samba, já
tem muita mulher com um ciúmes danado, querendo colocar o nome dela, na boca do
sapo.
Só que aí, nesse ínterim, rola o maior fuzuê, quando ela chega em casa, por não atender as
ligações do marido, ela diz que é só pra ele lembrar do abacaxi que ele se
meteu pela traição conjugal.
Silvana e Gustavo
estavam juntos nessa fatídica noite dançante, do famoso "espirro",
eles conseguiram fugir a tempo de uma possível contaminação bacteriana, Gustavo
já estava achando ridículo morrer por causa de um espirro.
Aliviados, decidiram selar de vez essa união, partindo sem rumo definido para
esticarem a noite juntos.
Estavam vivendo o melhor
momento de suas vidas, ela se sentindo a mulher mais amada da cidade do Rio de
Janeiro... Eternizaram essa noite entre beijos e abraços, sugados
por esse amor, transbordaram de tesão, noite a fora, trocando de posições em
cada gozo de intenso prazer.
Silvana se sentiu uma personagem devassa da literatura, mas sexualmente
viva, como pediria em uma de suas escritas o romancista Nelson Rodrigues, para
um dos seus famosos livros.
E com essa tirada, ela percebeu
que podia morder mais do que podia mastigar, se superando como mulher, ao levantar-se
da cama pra se refrescar na banheira do Motel, gritou bem alto...
- Agora eu sei !!!
- O que
é ser feliz, seu... Cornoooo !!!! ...Adivinha pra quem
foi esse sonoro grito de liberdade?...
E se vocês quiserem
saber... Silvana e Gustavo até hoje ainda se contaminam de amor quando as luzes
se apagam, e quando também estão acesas, pelos bailes da vida...
Texto Alfredo Guilherme