Na efervescente "Belle Époque" carioca, os salões de Laurinda Santos Lobo na década de 1920, ponto de encontro do Modernismo, eram verdadeiros oásis de encanto e sofisticação. Em sua casa, situada no coração de Santa Teresa, a elite cultural se reunia em saraus memoráveis, onde música, poesia e dança se entrelaçavam em uma sinfonia de elegância.
A cada dia 4 da temporada carioca, o local se transformava em um palco de celebração, onde convidados ilustres, incluindo figuras internacionais como a bailarina Isadora Duncan e o renomado escritor francês Anatole France, contribuíam para a magia da noite. A capital da República, então no Rio de Janeiro, vibrava com a energia dos salões de Laurinda, que se tornou conhecida como a "Marechala da Elegância", título conferido por João do Rio em suas crônicas, herdeira multimilionária usava safiras negras se trajasse preto, rubis da Birmânia se vestisse vermelho e esmeraldas se trajasse verde.
A atmosfera boêmia da época era intensificada pela presença constante de personalidades, como Tarsila do Amaral, Villa-Lobos, que homenageou Laurinda com a composição "Quattour - Impressões da Vida Mundana". Laurinda era não apenas anfitriã, mas também uma figura marcante nos círculos culturais e artísticos da cidade.
Ao contemplar a vista deslumbrante de Santa Teresa, os frequentadores desses salões experimentavam uma sensação única de pertencimento a um mundo de requinte e cultura. A saudade desses tempos ressoa como um suspiro nostálgico, um eco das noites luminosas e inesquecíveis que moldaram a "Belle Époque" carioca.
A história conta que...
(Um conto criado)
Entre os frequentadores assíduos dos saraus de Laurinda, destaca-se a figura enigmática de Octávio Montenegro, um boêmio sofisticado e sedutor que viveu o ápice de sua vida noturna nos salões desta mansão imponente em Santa Teresa.
Octávio, conhecido como "O Dandy da Belle Époque", personificava o charme e a irreverência da sociedade privilegiada carioca da época. Com seus ternos impecáveis e cartola sempre à mão, ele dançava ao som das valsas de Villa-Lobos, conquistando corações com seu sorriso cativante e palavras eloquentes, dizem até que ele teria tido um affaire com a bailarina americana Isadora Duncan em visita a mansão de Laurinda.
Em cada sarau, Octávio era o epicentro das conversas animadas e das anedotas picantes. Sua presença era aguardada com expectativa, pois ele sabia como transformar cada noite em uma experiência memorável. Admirador das artes e conhecedor da alta sociedade, Octávio Montenegro circulava entre poetas, artistas e intelectuais, deixando um rastro de fascinação por onde passava.
Seus relatos sobre as noites vividas nos salões de Laurinda eram quase lendários. Apreciador da efervescência cultural e da liberdade da "Belle Époque", Octávio tornou-se uma lenda na boemia carioca, sua presença elevando cada encontro a uma celebração única.
Nas sombras da "Belle Époque", Octávio Montenegro viu seu coração ser roubado pela enigmática polonesa, batizada carinhosamente como Zofia. Seus olhos de mistério escondiam segredos que Octávio estava ansioso para desvendar.
Em uma noite de paixão sob o teto desse santuário do amor, enquanto a luz da lua dançava pela janela, Octávio pegou sua caneta de pena e escreveu um poema na pele macia de Zofia.
"À luz lunar que nos acaricia.
Teu nome é uma melodia.
Nos lençóis da noite, nossos segredos.
Em teus braços, meu único enredo.
Zofia, nosso amor, uma promessa.
Na penumbra, teu olhar encanta.
Como a lua que dança."
Com cada palavra escrita, Octávio eternizava o ardor da paixão vivida naqueles momentos íntimos.
Zofia, que compartilhava o mesmo desejo pela liberdade e pela poesia da vida, sorria e seus olhos verdes brilhavam ao sentir a tinta da caneta tocando sua pele.
Essa história de amor clandestino, enraizada na atmosfera luxuriosa da "Belle Époque", tornou-se uma lenda entre as paredes da mansão. A lua testemunhou seus suspiros e juras sussurradas, e o poema na pele de Zofia se tornou uma testemunha silenciosa daquela paixão arrebatadora.
Hoje, ao olhar as ruínas que testemunharam seus dias de esplendor, a imagem de Octávio Montenegro permanece viva, como um espectro charmoso que dançou pelos corredores da história noturna carioca, deixando para trás o perfume de uma era encantadora.
Por Alfredo Guilherme
Vale a pena visitar….
Hoje, o legado de Laurinda Santos Lobo persiste nas ruínas que testemunharam sua grandiosa história. O Parque das Ruínas, erguido sobre sua antiga mansão, o Palacete Murtinho Nobre, erguido em 1898, é mais do que um testemunho do passado; é um convite para reviver, mesmo que por um instante, a beleza da vida boêmia e mundana que caracterizou aqueles tempos dourados no Rio de Janeiro.
As Ruínas abrigam diversas atividades culturais, como exposições, espetáculos teatrais, shows e eventos. Além disso, o parque conta com uma estrutura que inclui um mirante, jardins e espaços para contemplação, e para fotos espetaculares em seu interior principalmente ao cair da tarde, tem um teatro, tornando-se um ponto turístico e cultural bastante apreciado pelos cariocas e visitantes. Localizado no bairro de Santa Teresa. O local oferece uma vista panorâmica espetacular da cidade e da Baía de Guanabara.
11 comentários:
MARAVILHA DE TEXTO COMO CARIOCA FICO ORGULHOSO EM SABER DESTE LUGAR HOJE DE CULTURA E ENTRETENDIMENTO
A sua introdução de um conto fictício, de mais uma da suas incríveis criações centrado na figura enigmática de Octávio e seu romance clandestino com Zofia, adiciona camadas de emoção e paixão à história. A poesia escrita na pele de Zofia, à luz lunar, é uma cena poética que capta a intensidade e a beleza desse amor proibido.esse lugar é realmente mágico belo texto
Querido amigo seu relato nos transporta de volta à efervescente "Belle Époque" carioca, que eu juro que gostaria de ter vivido essa época kkkk onde os salões de Laurinda Santos Lobo eram verdadeiros palcos de elegância e cultura. A descrição envolvente dos saraus, permeados por música, poesia e dança, faz com que sintamos a atmosfera única desses encontros memoráveis. Vou adorar conhecer esse lugar quando eu voltar ao Rio de Janeiro
Você adicionou uma aura de nostalgia e encantamento, a beleza efêmera da "Belle Époque" e nos convida a contemplar as ruínas que agora testemunham os dias de esplendor, mantendo viva a memória de uma era encantadora. Parabéns belo texto!!!!
A poesia escrita na pele da Zofia realmente foi um momento poético dessa deliciosa historia de amor celebro esse momento !!!!
Precisei de uma pessoa.super estudioso pra me ajudar a conhecer o RJ. Moro no Flamengo e nunca havia nem escutado falar
nessa linda mansão e muito menos nessa linda história desse grande amor.
Obrigada por não me deixar sem esse conhecimento
Como sempre um texto maravilhoso que nos brinda com foto e deliciosa história breve mas delicada história de amor, como só você sabe colocar
Ainda que seja ficção você nos colocou dentro dos salões de Laurinda e nós seus apaixonados leitores mergulhamos inocentemente, nas noites deliciosamente sedutoras, todavia culturais pelo requinte da presença de Villa-Lobos, Tarsila e por poemas escritos em peles macias. Não sabia do passado desse lugar, mas realmente suas ruinas provocam uma sensação incrível e arrepiante por certo reflexo das energias desses tempos dourados e cheios de luxuria da Belle Époque carioca.
Esse texto daria um ótimo enredo para uma mini-série em pensamento viajei pra dentro do salão da laurinda de cartola e tudo querendo ser o Octávio kkkk parabéns blogueiro pelo texto
Parabéns pelo texto fazer uma retomada dessa bela época foi genial
Já li várias vezes e a cada vez que leio viajo pelo texto parabéns pela envolve história !!!
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