Hoje em dia, perseguir o corpo perfeito depois dos 60 anos é como tentar achar Wi-Fi no meio da floresta Amazônica, o que é desafiador demais e muitas vezes ilusório. E vou dizer para vocês, meu abdômen de tanquinho virou mais uma máquina de lavar com tampa que não fecha direito. Acho que agora posso competir com aquelas barrigas de Chopp da galera do boteco da esquina, que no disfarce machista essa protuberância abdominal é conhecida como “calo sexual” !
Mas fala sério, bicicleta? Pedalar é ótimo, mas a cada volta pelo bairro sinto que estou desafiando as leis da física. As subidas se tornam montanhas como o Pico do Jaraguá, e as descidas parecem com montanha russa, grande atração de parques temáticos, só que sem o cinto de segurança. Às vezes, acho que estou pedalando contra a evolução tecnológica, quem precisa de carros possantes quando temos pedaladas épicas?
E o lado técnico? Comprar tênis caros, roupas adequadas para os exercícios... A única coisa que não me deixou feliz foi meu status bancário! Me deixando no vermelho com tantos gastos. Após uma caminhada leve, meu corpo se transforma em um quebra-cabeça humano, e cada passo é uma peça se encaixando de maneira... interessante, no mínimo.
Queimar algumas calorias extras é sempre bem-vindo, mesmo que meu corpo resista como se estivesse liderando uma rebelião contra a máquina de ganhar dinheiro, academia e a indústria fitness. E sério mesmo ?, entender a moda fitness hoje em dia? Leggings são aceitáveis em qualquer lugar, menos na academia! E a garrafa de água virou um acessório fashion, combinando com as roupas coladas que revelam toda a geografia do corpo feminino pelas ruas do bairro. Deixando os barbados babando, pois, o 'status' de beleza física em casa é outro.
Mas no final das contas, os efeitos negativos são quase esquecidos, assim como o velho coração que parece estar treinando um ataque cardíaco ao perceber a idade. Envelhecer com bom humor e saúde é o que importa, mesmo que minhas pernas reclamem de não fazer caminhadas e pedaladas todos os dias.
Agora falando sério, a vida é curta demais para se preocupar com o corpo perfeito quando ele já está um tanto quanto meio caidinho. Decidi abraçar meu corpo após os 60 anos, mesmo que meu rosto, cotovelo e mãos pareçam mais um mapa rodoviário em alto relevo. Quem sabe, daqui a alguns anos, o padrão de beleza seja ter rugas de tanto sorrir. Afinal, envelhecer é inevitável, mas rir disso tudo é opcional. E eu escolho rir, com ou sem abdômen de tanquinho.
Por Alfredo Guilherme