segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Crônica : Abdômen de tanquinho ?

 


Hoje em dia, perseguir o corpo perfeito depois dos 60 anos é como tentar achar Wi-Fi no meio da floresta Amazônica, o que é desafiador demais e muitas vezes ilusório. E vou dizer para vocês, meu abdômen de tanquinho virou mais uma máquina de lavar com tampa que não fecha direito. Acho que agora posso competir com aquelas barrigas de Chopp da galera do boteco da esquina, que no disfarce machista essa protuberância abdominal é conhecida como “calo sexual” !

Mas fala sério, bicicleta? Pedalar é ótimo, mas a cada volta pelo bairro sinto que estou desafiando as leis da física. As subidas se tornam montanhas como o Pico do Jaraguá, e as descidas parecem com montanha russa, grande atração de parques temáticos, só que sem o cinto de segurança. Às vezes, acho que estou pedalando contra a evolução tecnológica, quem precisa de carros possantes quando temos pedaladas épicas?

E o lado técnico? Comprar tênis caros, roupas adequadas para os exercícios... A única coisa que não me deixou feliz foi meu status bancário! Me deixando no vermelho com tantos gastos. Após uma caminhada leve, meu corpo se transforma em um quebra-cabeça humano, e cada passo é uma peça se encaixando de maneira... interessante, no mínimo.

Queimar algumas calorias extras é sempre bem-vindo, mesmo que meu corpo resista como se estivesse liderando uma rebelião contra a máquina de ganhar dinheiro, academia e a indústria fitness. E sério mesmo ?, entender a moda fitness hoje em dia? Leggings são aceitáveis em qualquer lugar, menos na academia! E a garrafa de água virou um acessório fashion, combinando com as roupas coladas que revelam toda a geografia do corpo feminino pelas ruas do bairro. Deixando os barbados babando, pois, o 'status' de beleza física em casa é outro.

Mas no final das contas, os efeitos negativos são quase esquecidos, assim como o velho coração que parece estar treinando um ataque cardíaco ao perceber a idade. Envelhecer com bom humor e saúde é o que importa, mesmo que minhas pernas reclamem de não fazer caminhadas e pedaladas todos os dias.

Agora falando sério, a vida é curta demais para se preocupar com o corpo perfeito quando ele já está um tanto quanto meio caidinho. Decidi abraçar meu corpo após os 60 anos, mesmo que meu rosto, cotovelo e mãos pareçam mais um mapa rodoviário em alto relevo. Quem sabe, daqui a alguns anos, o padrão de beleza seja ter rugas de tanto sorrir. Afinal, envelhecer é inevitável, mas rir disso tudo é opcional. E eu escolho rir, com ou sem abdômen de tanquinho.

Por Alfredo Guilherme 


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Noites insones…


         Quando me deito, a saudade emerge como uma melodia suave, e a ausência do calor dos seus beijos se torna uma presença viva em mim. Não me acostumo dormir sem a suas carícias, no nosso refúgio de prazer noturno.

      Nas sombras do meu quarto, sua ausência se materializa silenciosa, por debaixo dos lençóis. O espaço ao meu lado clama ansiando pelo seu corpo quente, que se tornou a essência dos meus desejos mais íntimos. 

      Acredite, você persiste em estar na minha mente em cada momento ao me deitar. Chego a sentir você se infiltrar nas minhas sexuais lembranças, transformando-se em uma presença intensa de prazer. 

   Nosso amor, ecoando, continua a pulsar em cada batida do meu coração apaixonado.

       No meu silêncio noturno, encontro consolo na ideia de que, mesmo distante, somos unidos pelo nosso fio invisível de memórias. Talvez porque, o meu coração teima em reviver doces momentos, como se estivéssemos nos amando nas minhas noites insones.

       Por Alfredo Guilherme 



sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Nuvens zombeteiras….



      Na turbulência do voo, enquanto segurava firmemente os braços da poltrona, apesar do aviso antecipado do comandante da aeronave uma mistura de medo e desconforto tomava conta de mim.   

      Olhei pela janela quando eu ia começar rezar para pedir proteção, deparei-me com um espetáculo surreal, nuvens dançando no céu, desenhando formas que pareciam zombar da minha situação naquele instante de extrema aflição. Pareciam me dizer…"Vai tomar no...!!!"

        "Quem mandou você não consultar o seu horóscopo antes de marcar essa viagem !!!!". Eu achei que ia mesmo tomar naquele instante.  Enquanto o avião era sacudido pela turbulência, as nuvens pareciam permanecer imóveis, desafiando a gravidade e desdenhando do movimento caótico ao qual eu estava sendo submetido.   

       Era como se o universo estivesse fazendo um "stand-up comedy nas alturas," onde eu era o alvo principal das piadas.

        Cada sacolejo do avião era acompanhado por uma dança frenética das nuvens, como se estivessem se divertindo com a minha agonia. Enquanto eu tentava manter a calma e me controlar, apesar de uns gritos de pânico de alguns passageiros, que estavam quase se cagando de medo, as nuvens pareciam sorrir ironicamente, como se dissessem: "Relaxe, isso é só um passeio de montanha-russa no céu!"

       Apesar do sufoco da turbulência, não pude deixar de admirar a beleza hipnotizante daquele espetáculo no céu. As nuvens, em sua majestosa indiferença, transmitiam uma sensação de serenidade e tranquilidade, contrastando com o caos que reinava dentro da cabine do avião.

        E assim, entre sacudidas e solavancos, consegui encontrar um momento de calma e contemplação, inspirado pela beleza efêmera das nuvens que desafiavam a gravidade e desdenhavam da agitação que eu acabava de passar neste voo. 

       Talvez, no final das contas, aquele momento de sufoco na turbulência tenha sido apenas mais uma oportunidade para apreciar a grandiosidade do universo e encontrar humor até nos momentos mais desafiadores.

Por Alfredo Guilherme 




segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

MASP… O poder duradouro da arte na experiência humana…

 

Tela : Alfredo Guilherme 

       No majestoso museu do MASP, na Av. Paulista, você tem uma visita extraordinária junto com o seu amor,  entre as inúmeras obras de arte. Os corredores do museu se tornam um palco onde as criações de grandes mestres se unem ao cenário de uma história única, de amor pela arte que vocês compartilham nessa visita.

       Diante das obras inigualáveis de Anita Malfatti, vocês partilham a apreciação por sua ousadia modernista, e essa conexão inspira a liberdade de expressão em seu próprio relacionamento. Dalton Paula, com suas obras provocativas, desperta reflexões sobre as complexidades sociais e raciais, alimentando diálogos significativos entre vocês.

       Entre as pinceladas inovadoras de Picasso, o amor entre vocês vai ganhando novas nuances, assim como as formas cubistas que desafiam a percepção convencional. Ao explorar a obra de Zeferina, uma das primeiras artistas pretas do Brasil, vocês celebrarão a diversidade que honra a herança cultural afro-brasileira.

       Victor Meirelles, por sua vez, imortaliza momentos cruciais da história brasileira, proporcionando uma viagem no tempo e fortalecendo o vínculo de vocês com as raízes do país. As cenas rurais de Almeida Júnior ressoam com a essência da cultura brasileira, enriquecendo o entendimento compartilhado sobre a complexidade do Brasil.

       Enquanto admiram as obras de Henri Matisse, a maestria nas cores incita a apreciação pela beleza intrínseca de suas vidas compartilhadas na arte. 

       Cada peça é uma janela aberta, para vocês entrarem na mente do artista e, por extensão, servir para a compreensão mútua na vasta coleção, podendo ainda admirar, a intensidade das pinceladas de Vincent van Gogh, um gênio que expressou suas emoções de maneira única. Cores e texturas, refletidas nas obras de Tarsila do Amaral, com seu estilo modernista traduz a brasilidade em formas e cores vibrantes. Abdias Nascimento traduz com sua arte a resistência e a celebração da cultura preta.

       O museu transforma-se em mais do que um espaço de contemplação artística, torna-se um cenário onde a magia do amor se entrelaça com a riqueza cultural e estética das esculturas e criações expostas. Nesse contexto único, o relacionamento de vocês vai se transformando em uma obra-prima, em constante evolução afetiva. Essa visita e uma celebração do poder duradouro da arte na experiência humana.

Por Alfredo Guilherme 


O MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, foi idealizado por Assis Chateaubriand, jornalista e empresário brasileiro. Ele foi o fundador e diretor do museu, cuja concepção arquitetônica ficou a cargo da arquiteta italiana Lina Bo Bardi. O museu foi inaugurado em 7 de novembro de 1968.



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Bocas, quando não precisam de palavras…

 

      Após a entrega íntima de corpos, surge o beijo que acalma a trêmula a carne, e a respiração ofegante é a celebração silenciosa que se faz com os lábios, que se tocam na intimidade do amor.     

        Cada toque dos lábios é um bálsamo no toque da língua ternura, uma poesia que se desenha suavemente sobre a pele que ainda arde com o fogo da paixão.
        O beijo é como o epílogo de uma narrativa intensa, onde as palavras já foram ditas e agora são só lábios que sussurram mais promessas e desejos, uma troca silenciosa de "Eu te amo" que não precisa de palavras.
        Nesse momento, tudo se transforma em algo mais íntimo e afetivo.
       É como se os lábios, agora mais calmos, desenhassem um mapa de carinho sobre a pele, mapeando os caminhos trilhados e os que ainda estão por vir.
        E quando os lábios se separam na despedida. É mais que um até breve, onde a despedida é apenas um prelúdio para futuros encontros.
        Nos faz ansiar pelos próximos beijos, em uma reverência ao amor.

        Por Alfredo Guilherme