Texto um... E-mail...Volta...
Caiu aquele quadro lindo que você colocou na parede...
Deve ter caído há dias, mas eu só
vi agora, você sabe como eu não reparo nessas coisas, embora eu tenha amado o quadro que compramos lá em Embu das Artes, mas na verdade preferia uma obra sua amor, volta a pintar volta, vou amar ver você em meio aos tons de tinta que você tanto ama.
Pensando bem, escutei um barulho
uma hora dessas, enquanto lia no sofá.
Mas, depois de tirar os olhos do
livro por alguns segundos, matutei, matutei, decidi que não era nada e voltei a
ler. Mas hoje vi que foi isso então.
Ah, e queimou a lâmpada da
entrada, eu não consigo soltar a parte de fora, a de vidro, para poder trocar a
lâmpada que fica dentro.
Como tem escurecido antes das 5 da tarde, no inverno escurece bem cedo, a entrada da casa agora fica sempre um
breu.
E o inconveniente disso, é que é
bem ali, que o Ted o nosso lindo cachorro decidiu fazer xixi quando ele quer dar algum recado,
tipo avisando que está meio bravo, e agora já não posso mais ver se tem xixi
ao entrar em casa, o que me deixa com medo de pisar no xixi, e por isso tenho
entrado na ponta dos pés e, quando chego naquela área de risco, dou um pulo e
vou cair quase depois da porta da cozinha.
Já fui melhor de pulo, mas considero bastante
razoável o alcance dessa manobra que inventei para entrar em casa.
Outro dia a vizinha me viu entrar
executando esse meu momento bizarro e eu acho que fez uma cara estranha, no
meio do salto eu percebi que alguém estava olhando e abri os braços na
esperança de que ela achasse que eu talvez fosse bailarina, embora meu corpinho
esteja mais para lateral esquerdo de time de futebol de veteranos, nada à ver né amor, sei que estou em forma e você ama este corpinho que te deseja.
E eu também ando tipo amuada,
para ser bem sincera.
Enfim...
Sempre que você viaja a minha
primeira reação é pensar que terei uns
dias sozinha, e que, como eu adoro ficar sozinha, mas nunca fico porque faz dez
anos que grudamos, um grude que surpreende até para padrões mais conservadores,
que já são altamente grudantes desde do nosso primeiro beijo.
Imagino-me lendo até tarde na
cama, sem ninguém para reclamar que a luz acesa incomoda pra caralho, como você diz, me imagino vendo o Timão na TV sem ninguém para dizer os mais inflamados palavrões
que eu já escutei na minha vida...
E eu pra te sacanear dizendo que não aguento mais ver aquilo e que gostaria de ver alguma outra coisa na tv, e que seria legal eu achar essa outra coisa porque sou eu que sei achar os programas bons na TV.
E eu pra te sacanear dizendo que não aguento mais ver aquilo e que gostaria de ver alguma outra coisa na tv, e que seria legal eu achar essa outra coisa porque sou eu que sei achar os programas bons na TV.
Imagino-me ver você escrevendo
até tarde, pois de madrugada que e o top máximo de sua inspiração, ou fazendo pesquisa de pacotes para viagens futuras on-line, sem compromisso, não tendo ninguém para gritar com a cachorro ou te interromper com perguntas ou assuntos que poderiam ser falados em outra hora qualquer, ou eu não
querendo ficar sozinha na cama, fico dando uns gritinhos de carinho para você acabar logo
que eu quero te amar.
Imagino-me fuçando no celular no
Whatsapp ou no meu Face, sem ninguém para dizer...Porra amor, você não larga essa merda de celular por nada cacete...!!! Ficar com olhar estranho e dizer que eu tenho
uma vida paralela nas redes sociais, sabe eu amo esse seu jeito "marrento" às vezes de ser, neste momento intino nosso de fêmea e macho, e que eu me sinto super protegida por você, e me acorda deste meu jeito turrona e meia voada de ser.
Me imagino acordando um pouco
mais tarde porque não preciso dar o café da manhã para ninguém, e aí lembro que
na semana passada, enquanto comia seus ovos mexidos, você me disse: “Os ovos
estão vindo da cozinha meio moles demais”.
Como na cozinha só tem eu...
Respondi que ia ter uma boa conversa com a mocinha dos ovos e dizer a ela que seria preciso mudar o preparo, e dar aquela caprichada.
Respondi que ia ter uma boa conversa com a mocinha dos ovos e dizer a ela que seria preciso mudar o preparo, e dar aquela caprichada.
Então, imagino tudo isso e me
animo. Afinal, a sua viagem é para menos de uma semana... Eu digo que é para
você ir tranquilo porque ficaremos bem... Você ainda está no táxi a caminho
do aeroporto e já abrimos uma garrafa de vinho, o cachorro e eu, pego meu
tablet e sentada no sofá, fico revendo
as nossas ultimas fotografias que por sinal ficam lindas você fotografa magnificamente
bem... Em 10 minutos da sua ausência já não me parece mais tão divertida assim.
Vem a noite...
Deito na cama, não leio nem uma
linha e apago a luz, durmo mal e com frio, acordo de madrugada depois de
escutar um barulho medonho e demoro a pegar no sono outra vez... O barulho era do cachorro tentando subir no sofá da sala, executando o seu próprio acidente
caseiro, a fim de se estirar no sofá e escapar do frio, mas o salto deu errado
e, depois de patinar por alguns segundos tentando encontrar atrito no piso frio
do chão, as patinhas escorregaram abrindo as pernas, e ele caiu de barriga.
Volta!
No dia seguinte, vejo os ovos na
geladeira e penso que não tenho para quem quebrá-los. Você telefona e, agora
que o futuro chegou, as ligações têm vídeo e eu posso ver você, o que é ao
mesmo tempo bom e ruim. Mas você está tão longe…
Quero pedir que volte, mas acho
que soaria doentio dado que não faz nem 15 horas que você saiu, então não digo
nada... Tento buscar em mim aquela sensação de antes, que se parece com liberdade
e que me invadiu quando você disse que ia viajar.
Tudo em mim é saudade e tesão pós sua partida, quero fazer
amor com você, mas você não está na cama.
E ainda faltam 120 horas para
você voltar.
Olho para o cachorro e vejo
nele um olhar mais perdido do que o meu.
Ele sabe que sozinho comigo a
vida não é fácil... Lembro que você disse para eu não deixar faltar água no pote
dele porque é sempre você que coloca água ali, e emendou com “porque você é
incapaz de checar o pote”... Levanto para ver se de fato o pote está
irremediavelmente vazio, o que talvez explique o olhar dele. Coloco a água e
expresso um pedido de desculpas mas ele escolhe me ignorar.
Quando finalmente para de beber água, depois de uns minutos, volta para o sofá cabisbaixo e eu digo que não aguento mais o xororo, e que ele precisa se conformar porque ainda faltam 120 horas que teremos que passar por isso juntos.
Outra vez me fere com aquelas expressões de pura tristeza e orelhas baixa, antes de deitar a cabeça e fechar os olhos... Ele pelo menos consegue dormir sem você, agora que esta hidratado.
Quando finalmente para de beber água, depois de uns minutos, volta para o sofá cabisbaixo e eu digo que não aguento mais o xororo, e que ele precisa se conformar porque ainda faltam 120 horas que teremos que passar por isso juntos.
Outra vez me fere com aquelas expressões de pura tristeza e orelhas baixa, antes de deitar a cabeça e fechar os olhos... Ele pelo menos consegue dormir sem você, agora que esta hidratado.
Faz dez anos que eu sou essa
completa doente abobada de amor por você... Amar você é, tudo o que eu faço na
vida, o que me dá mais prazer e o que me dá mais retorno... Vem com a sensação de
que, ao me amar de volta, você faz por mim o que antes de você nem imaginava que podia acontecer.
Você me legitima... Cada
pedacinho de minhas esquisitices e chatices e manias, você legitima tudo em
mim... E na sua ausência eu me sinto sem legitimidade.
Então, não quero pressionar, mas se desse para
voltar mais cedo para casa eu agradeceria.
Eu juro que desta vez eu viro corintiana, apago a luz assim
que você deitar e te encho de beijos e carinhos recheados de boas sacanagens,
muito mais do que no nosso normal.
Tchuco... Amo você !!!!...
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Texto... dois... É ai que a idade pesa...
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Texto... dois... É ai que a idade pesa...
Na medida em que vou avançando na
idade, vou sentindo o peso da responsabilidade que ela trás...
Errar já não pode ser um fato normal da vida. Somos quase que obrigados a acertar porque seremos julgados segundo nossa idade.
Errar já não pode ser um fato normal da vida. Somos quase que obrigados a acertar porque seremos julgados segundo nossa idade.
O respeito com que pensávamos que
seríamos tratados não existe...
Para os mais novos somos
ultrapassados, nossa opinião deixa de ter o real valor... É preciso continuar
como se não envelhecêssemos nunca, para ter valor.
Eu continuo o mesmo...
Apesar da idade, não frequento academia, trabalho, mas jogo bola por uns 15 minutos, nado, empino pipa artesanal, curto computadores e meu celular é de ultima geração, amo filhos e netos...
Meu corpo esta respondendo, eu amo e sei que sou amado, mas se o velho corpo apresentar problemas, vou ao hospital, faço exames clínicos e tomo os remédios indicados pelo médico.
Apesar da idade, não frequento academia, trabalho, mas jogo bola por uns 15 minutos, nado, empino pipa artesanal, curto computadores e meu celular é de ultima geração, amo filhos e netos...
Meu corpo esta respondendo, eu amo e sei que sou amado, mas se o velho corpo apresentar problemas, vou ao hospital, faço exames clínicos e tomo os remédios indicados pelo médico.
Não pretendo me manter jovem, sei
que é impossível, mas me esforço para me manter ativo, e válido...
O peso da idade me fez reconhecer
que não haverá um mundo melhor, enquanto não formos capazes de ver e sentir
todas as pessoas, desde o mendigo até o pior dos políticos como seres humanos
iguais a nós.
Sujeitos à mesma condição humana
nossa, usando o banheiro diariamente, vivendo, amando, odiando, sendo felizes
ou infelizes como todos.
E já que não é suficiente dizer que somos todos
iguais, é preciso agir para que os outros possam acreditar nisso também.
É ai que pesa a idade, a
consciência de que perdemos tempo e que todos perdem tempo e que, como gastamos
esse tempo que é todo o nosso tesouro que podemos acumular.
Só quando envelhecemos e que estamos
além da paixão, é que percebemos que todo homem é digno de consideração e
respeito porque todos são capazes de amar e de pedir perdão.
Hoje sou capaz de imaginar a dor
dos outros e sentir profunda compaixão por cada um daqueles que sofrem e até consigo sofrer junto, mas essa é a parte que eu mais dou valor em mim, é minha
vitória sobre mim mesmo.
Concluo e espero que Deus faça alguma coisa que transforme nossa vida em algo melhor do que ela é, não é fé e sim superstição.
Concluo e espero que Deus faça alguma coisa que transforme nossa vida em algo melhor do que ela é, não é fé e sim superstição.
Só a nós cabe a ultrapassagem...
São nossos esforços para combater o egoísmo, a ambição, o apego e outras
mazelas humanas que faz com que nossa vida seja melhor do que tem sido.
A vida não é algo que se tem, é algo que passa e nos desafia a agir...
Não podemos materializar nossos
sentimentos em coisas... Ou no amor...
Isso é perder tempo e é ai que a
idade pesa....
Esquecemos a condição humana... Não há promessas que se cumpram, muito menos
garantias, o que existe são possibilidades para se criar oportunidades.
A relação com os outras pessoas, não pode
ser somente um processo de elaboração intelectual abstrata...
Antes é preciso que seja uma ação pensada e sentida... Mesmo que tudo ameace acabar, a nós compete fazer alguma coisa e, se não formos nós e se não for agora, quem e quando será?
Antes é preciso que seja uma ação pensada e sentida... Mesmo que tudo ameace acabar, a nós compete fazer alguma coisa e, se não formos nós e se não for agora, quem e quando será?
Não podemos continuar a ser esse
universo de pessoas abandonadas cada um à sua sorte.
As outras pessoas não são os inimigos que nos impedem de ser o que queremos ser... São os únicos que podem nos socorrer da angústia, do desespero e da solidão de ser tais como somos.
As outras pessoas não são os inimigos que nos impedem de ser o que queremos ser... São os únicos que podem nos socorrer da angústia, do desespero e da solidão de ser tais como somos.
Somos tais como cristais frágeis
nascidos da transpiração de nossos sonhos... Nada nos é dado pronto e acabado.
Juntos nos tornamos personagens
de nós mesmos em busca de construir aquilo que devemos ser...
Os outros são o meio e o fim... E esse é todo o peso de toda nossa responsabilidade em existir.
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