quarta-feira, 17 de junho de 2020

PaPo CaSuAl....


           Deixei de ser um anjo me perdi na lambança quando comecei ainda a dar os primeiros passos  com as pernas que mais pareciam um arco, e já fui logo começando a falar palavrão que é coisa de brasileiro.                   
         Repetindo feito a um papagaio mesmo faltando ou errando letras eu falava "tuta meda",  essa era a minha favorita entre outras, principalmente quando a bola jogada na minha direção passava por entre as minhas pernas tortas.
            Puta merda, foi um ensinamento afetivo verbal e casual do meu padrinho, eu ainda uma inocente criança, que um dia sem perceber, deixei de ser um anjinho, e como dizia Leila Diniz,  "Homem tem que ser durão" 
           Mas...
           A vida me deu um presente divino chegar na minha idade driblando a questão do envelhecimento.
           O que pega pesado em muitas outras pessoas.

           Eu tenho que aproveitar o tempo que eu agora tenho para fazer uma gama de personagens nessa pandemia, como artista plástico deslizando o pincel nas tintas na tela, bibliófilo lendo uma boa quantidade de livros, cinéfilo vendo e comentando filmes com os amigos confinados, e ainda como escritor me expressando por meio de textos para o blogger.

          Nesse período a gente precisa fortalecer a saúde mental e física, comendo em demasia alta guloseimas, pois ai pinta a barriguinha que insiste em ficar proeminente aos olhos de quem nos vê com deboche.
          Na verdade nada mais é que um sensual "calo sexual" que adquirimos durante muitos anos de muito chamego e cafuné.

           Nunca pintei o cabelo a cada mini branquinho que surgia, eu sempre ia encarando na boa, e no melhor de mim descobri também barba não está tão grisalha assim.
           Não sei porque eu insistia tanto em fazer a barba quase que diariamente, sendo que ela nem fica tão branca assim... Deixei o cavanhaque crescer, o cabelo já está ficando tipo black power, já me preparando para de punho serrado quando acabar esse confinamento ir na passeata contra o racismo, assim vou encarando sem desespero que eu estou envelhecendo e vivendo a vida.

           Tudo isso é muito louco. 
           Acho que isso não vai mudar mesmo depois da quarentena.                   
           Entendi que não preciso estar sempre com cabelo e a barba feita.
          Era uma coisa meio robótica.

          Entendi que não estou feio por não estar fazendo isso.
          Me olho no espelho e me reconheço.
          Vou me permitir me conhecer.

         Já fiz promessa: só volto a cortar a barba e o cabelo, de novo quando existir uma vacina para a Covid-19. .. Um abraço virtual e carinhoso a todos que me acompanham no blog... 




4 comentários:

Marli disse...

Sua aparência sim é muito importante para você, estando satisfeito com ela!
Mas o que encanta é sua essência, isto você comprova nos seus textos, nas suas telas que pinta com muita profundidade da alma, nas fotos flagradas pelo seu olhar!
"Espelho, espelho meu existe... você teve a resposta"
Então é isto... vá em frente.

Unknown disse...

Consciente do que realmente somos , auto conhecimento e amar muito os nossos produtos intelectuais ou fisicos, isso está me fazendo uma sobreviviente, Quero sentir a vida correndo em mim.

Dalidaki disse...

Meu escritor preferido.
Admiro sua simplicidade.
Você é dotado de muita personalidade desde criança.
Suas escritas, suas Telas, retratam seu grande valor artístico, mostrando o valor de sua alma, externando seu enorme valor intelectual.
Seus cabelos brancos não são velhice, porque o artista não tem idade, tem experiência de vida.
Maravilhoso é amarmos e valorizarmos a nós mesmo.
Só espero que meu escritor favorito não vire Sansão e nem Papai Noel, esperando a bendita vacina da Covid 19. Parabéns, você é demais.


Maria José Viana disse...

Éh... representamos e vivemos vários personagens no lindo palco da vida.
As vezes usamos máscaras, mas tudo é válido para chegarmos no que realmente somos. Criaturas divinas, portanto lindas.