sábado, 16 de setembro de 2023

Crônica : Houve um tempo poético…

Houve um tempo em que o Brasil se banhava nas águas da poesia. Épocas que nos presentearam com versos profundos, escritos por autores cujas palavras eram como diamantes preciosos, lapidados na inspiração de suas almas. Eu lembro desses tempos com um carinho especial, quando as letras eram uma dança no papel, e a poesia era a linguagem da alma.

Os versos de Vinicius de Moraes, com sua paixão ardente e melodia suave, ecoavam em meu coração. Ele nos levava a um mundo de amores intensos e suaves tristezas, como se cada palavra fosse um suspiro de saudade. O Brasil se apaixonava pelos versos do Poetinha, e eu não era exceção.

E quem pode esquecer o Drummond? Seus poemas eram como espelhos, refletindo as complexidades da existência humana. Ele nos fazia olhar para dentro de nós mesmos, confrontando nossos medos e sonhos, e eu me via nas suas palavras, e também de outros grandes poetas, buscando significado na imensidão do universo.

Mas nem tudo era poesia na minha juventude. Ilusões também eram tecidas em fios de ouro, apenas para se desfazerem como poeira ao vento.

A juventude da minha época viveram suas paixões e desilusões e ditadura, e eu não era exceção. Ah, como me lembro das promessas de amor eterno, das juras de lealdade, que se desvaneceram como miragens no deserto da juventude.

Hoje, essas lembranças estão empoeiradas nas estantes da minha vida. São páginas viradas, mas não esquecidas. Os anos passaram, e as ilusões de juventude deram lugar à sabedoria da experiência.

Entendi que a vida é uma crônica em primeira pessoa, e cada capítulo é escrito com as tintas da vivência.

A poesia ainda me acompanha, mas de forma diferente. Não mais como espectador, mas como protagonista. Escrevo meus próprios versos, expressando meus anseios, alegrias e tristezas. Encontrei a minha voz nas palavras, e elas são a minha forma de eternizar momentos, capturar emoções e compartilhar minha jornada.

Assim, enquanto o tempo avança, eu continuo a folhear as páginas da vida, escrevendo as minhas poesias.
Os poetas do passado me inspiram, mas é no presente que encontro minha verdadeira voz.
E, embora as ilusões tenham se dissipado, o que permanece é a busca incessante pela beleza nas palavras, na poesia cotidiana que nos envolve.

Por Alfredo Guilherme



4 comentários:

Anônimo disse...

A crônica nos convida a refletir sobre a importância da poesia, a evolução das ilusões ao longo do tempo e a capacidade de encontrar significado na vida, mesmo quando as promessas da juventude se transformam em memórias empoeiradas. É uma reflexão profunda sobre a passagem do tempo e a evolução da perspectiva ao longo da vida. Belíssima crônica parabéns

Anônimo disse...

O tema abordado na crônica, que envolve a poesia, a ilusão e a passagem do tempo, é bastante reflexivo e evocativo. Ele nos faz pensar sobre como a literatura e a poesia podem moldar nossas vidas e experiências, bem como como as ilusões e promessas da juventude se transformam à medida que envelhecemos. Vc é o meu blogueiro preferido iluminado FCD / SP

Anônimo disse...

Parabéns pelo tema amei...

Dalidaki disse...

Meu maravilhoso escritor. Podemos dizer que vivemos na melhor época do mundo. Fomos privilegiados em todos os sentidos. Vc é maravilhoso nas suas escritas. Dizer parabéns é pouco.